Dois meses
depois de assistir a uma ópera, o público pelotense teve a oportunidade de
assistir a outro espetáculo do gênero na noite de 12 de janeiro de 2012, no
Theatro Guarany. Dessa vez, a ópera trazida ao palco foi “Rita”, de Gaetano
Donizetti, pela Orquestra Unisinos, sob regência de Evandro Matté,
protagonizada por Carla Domingues, Flávio Leite e Homero Velho.
A ópera cômica
contou ainda com a direção do grande ator, encenador, dramaturgo e teatrólogo
gaúcho Luis Paulo Vasconcelos que imprimiu a sua identidade nesse espetáculo.
Também não era de se esperar menos, com a experiência e talento já
característicos de Luis Paulo Vasconcelos, o que pudemos observar foi um elenco
consciente não apenas das músicas que estavam ali cantando, mas do conteúdo dos
textos que estavam dizendo ou expressando de maneira musical. O resultado de
uma boa direção de atores se expressa na empatia com o público e na recepção de
um espetáculo que ultrapassa apenas o caráter musical, chegando aos
espectadores como uma história engraçada que vai envolvendo o público à medida
em que vão conhecendo a história de uma mulher surpreendida pelo retorno de um
marido que, à princípio, estava morto. Já casada com outro homem, Rita se vê
sob o dilema do que fazer com os dois maridos.
O grande
destaque da noite, ficou por conta da soprano Carla Domingues. Não paenas por
ser conhecida dos pelotenses, uma vez que iniciou os seus primeiros passos na
carreira do canto erudito nos palcos dessa cidade. Mas, também, por mostrar uma
grande evolução técnica que vem apresentando a cada ano. Porém, não posso
deixar de salientar o seu desempenho cênico. A cada espetáculo em que trabalha,
Carla se mostra mais confiante e presente em cena. Toda essa evolução se deve
ao trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos. Nesse sentido, o que
posso dizer é que todo o esforço tem valido à pena. Quem ganha com isso? Os
espectadores que se encantam com tamanho talento e aproveitam a sua ida ao
teatro para se emocionarem com as histórias que lhes são contadas.
Também não
posso deixar de elogiar o trabalho do tenor Flávio Leite e do barítono Homero
Velho que conferiram comicidade e ritmo às cenas, divertindo e provocando
risadas nos espectadores. Além disso, a iluminação de Fernando Ochôa colaborava
para a ambientação cênica, sem comprometer a proposta de encenação. No entanto,
não posso deixar de referir que os figurinos com uma forte influência remetendo
às pilchas gauchescas me incomodaram um pouco. Naturalmente, compreendo que
alguns espetáculos se valem da utilização de vocabulário com termos gauchescos
e personagens tipificados como estratégia para gerarem uma identificação fácil
e simplista com os espectadores. Entretanto, acredito que não precisamos
colocar os personagens de CTG nos palcos para que o público gaúcho se sinta
motivado a ir ao teatro.
Essa foi uma
noite em que os espectadores viram não apenas os acordes eruditos invadirem o
palco, mas, também, a oportunidade de assistirem a uma peça de teatro musical
que lhes proporcionou boas risadas. Além disso, gostaria de ressaltar a
importância do SESC estar promovendo este tipo de atividade na cidade de
Pelotas.
MSc. Vagner Vargas
DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.
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