sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A volta do palhaço

Faz alguns anos que o ator Alexandre Coelho trocou os palcos pelotenses pela carreira de ator na Europa. Neste meio tempo, o ator foi se aperfeiçoando na técnica de Clown, até fundar a Trupe Los Estupendos Estúpidos, com alguns atores europeus, na cidade de Granada, Espanha. Após a montagem de alguns espetáculos e a aquisição de uma sede própria para o grupo, onde além de apresentarem seus espetáculos ao público, ministram oficinas com ênfase nas técnicas de palhaço, Alexandre trouxe ao Brasil seu mais novo espetáculo intitulado MMM!!!
Como não poderia deixar de ser, Alexandre, ou Palhaço Goiaba, apresentou este espetáculo no dia 20 de Dezembro de 2009, no Teatro do Círculo Operário Pelotense (COP). Infelizmente, por se tratar de um domingo, poucas pessoas saíram de casa para prestigiar esta peça de teatro. Entretanto, apesar de não lotarem a plateia do Teatro do COP, o público presente se mostrou bastante caloroso com a apresentação do grupo europeu. Realmente, os pelotenses perderam o costume de colocarem o teatro como membro integrante do seu cardápio de lazer nos finais de semana, sobretudo aos domingos. Houve um tempo em que não importava o dia da semana, que os teatros desta cidade lotavam e, quando falo em teatros, não me refiro apenas ao Teatro Sete de Abril, ou ao Teatro Guarany, o Teatro do COP possuía um público assíduo que o lotava freqüentemente, fazendo com que a busca prévia por ingressos se tornasse uma constante. Atualmente, o que se observa nesta cidade é uma mobilização de marketing de massa intensa para divulgar espetáculos contendo atores de novela e celebridades do eixo Rio-São Paulo.
Quando algum destes espetáculos do centro do país se destina a esta cidade, diariamente, o público é bombardeado por anúncios em rádios, TVs, internet e mídia impressa. Não são poucas as homenagens e as atenções que a sociedade pelotense defere a estes artistas. Porém, a realidade atual mostra que o público não comparece aos teatros devido à crise financeira mundial, no entanto, apesar dos altos preços dos ingressos das produções cariocas e paulistas, os pelotenses não se inibem na hora de adquirir ingressos para toda a sua família comparecer ao evento social teatro que será muito divulgado nas colunas sociais dos jornais locais nas semanas que se seguem. Faço este relato para demonstrar que, em Pelotas, não há falta de público, nem de poder aquisitivo para possibilitar o acesso às apresentações artísticas. Então, por que não observamos os teatros pelotenses lotados, quando os espetáculos não apresentam artistas televisivos? Acredito que uma boa resposta a esta pergunta deveria também contemplar um peso sobre a mídia local em não divulgar os artistas locais, com o mesmo afinco com que o faz para artistas de fora da cidade. Digo isto, pois a formação de opiniões de massa costuma direcionar a sociedade local para que consuma os produtos artísticos que a mídia local julgue dignos de sua apreciação. No entanto, como ficam os artistas locais ante esta realidade? Como fica a auto-estima dos alunos das Faculdades de Dança e Teatro da Universidade Federal de Pelotas, (UFPEL) sabendo que precisarão participar de alguma produção televisiva do centro do país para que obtenham a devida divulgação de seus trabalhos em sua própria cidade?
A reflexão sobre este tema se faz importante à medida que nos damos conta de que, no Brasil, a supervalorização dos produtos importados demonstra um sentimento de inferioridade da população local, em relação aos estrangeiros. Deste modo, Pelotas não deixa de ser diferente. Neste aspecto, não sei se devo generalizar e dizer Pelotas, ou a mídia pelotense, pois é esta quem divulga e estimula o consumo dos produtos artísticos que freqüentam os palcos desta cidade. No meu ponto de vista, a supervalorização do que é produzido fora de nossa cidade, apenas demonstra o provincianismo de uma sociedade ambígua e contraditória, pois, como podemos observar este fato numa cidade que se auto-afirma no imaginário coletivo vangloriando-se de sua arquitetura e histórias construídas em um ambiente pregresso? Pelotas costuma enaltecer os seus doces, o refinamento de sua população e o alto gosto pela cultura. Entretanto, me parece que, para “adquirir sua cultura”, os pelotenses ainda continuam tendo que enviar seus filhos para estudarem na França, ou trazerem os espetáculos franceses para se apresentarem no idioma de origem nos palcos desta cidade, uma vez que apenas os “estrangeiros” detém o devido valor que suas altas estirpes exigem. Obviamente que minha ironia é posta aqui para forçar-lhes a reflexão sobre o posicionamento da mídia local no estímulo à produção dos artistas pelotenses. Não acredito que uma cidade com centenas de milhares de habitantes continue concentrando o estímulo à cultura entre aqueles que dispõem de posses suficientes para seguirem enviando seus entes ao “velho mundo” no intuito de retornarem aos célebres salões pelotenses com muitas novidades a serem divididas com os ilustrados locais.
Além disso, ainda ressalto a presença tímida de poucos alunos das faculdades de Teatro, Dança e Artes em geral, nos espetáculos de teatro que se apresentam nesta cidade, sem as celebridades televisas em seus elencos. Talvez isto seja reflexo da sociedade da qual eles provém e/ou estão inseridos, conforme divaguei acima. Todavia, acredito que os centros educacionais, sejam eles de ensino fundamental, médio, tecnológico, superior ou não-formal, devam prezar pela educação e aquisição de cultura por parte de seus educandos, estimulando-os à reflexão dos temas abordados nos mais diferentes espetáculos e estimulando-os a freqüentá-los, independentemente da presença de atores de TV. Neste sentido, a atenção que chamo aos alunos dos cursos da área das artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), concerne no fato de que estes educandos serão os futuros profissionais da arte que lidarão com a formação artística das próximas gerações desta cidade. De que forma estes futuros arte educadores lidarão com estes aspectos, se os seus referenciais ainda estarão atrelados ao tradicional costume pelotense de valorizar a cultura do eixo Rio-São Paulo, em detrimento dos artistas locais? Será que estas percepções e reflexões estão presentes na Universidade? Mas, não falemos apenas da universidade, pois Pelotas é uma cidade com um grande número de estudantes de um modo geral. Qual será a visão que os educadores desta cidade espraiam entre seus educandos sobre a produção cultural local? De que forma elevar a auto-estima desta cidade, se ainda persistir o descrédito à produção local? Ademais, algumas pessoas podem tentar justificar a ausência de estudantes nos espetáculos teatrais devido ao alto custo dos ingressos. Entretanto, vale o questionamento à cerca do valor dos ingressos pagos para as festas nas casas noturnas desta cidade e o custo, em bebidas alcoólicas, que uma noite de festas tem no orçamento destas pessoas. Contudo, não estou querendo dizer que a população deva deixar de sair e aproveitar as festas noturnas desta cidade. Muito pelo contrário, o entretenimento e a diversão são aspectos importantes que devem ser contemplados na vida de cada um. Por este motivo, não posso aceitar a justificativa de que os ingressos dos espetáculos de teatro local são elevados, posto que custam menos do que as quantias investidas no álcool e nas festas noturnas.
Após ter feito toda esta divagação sobre o ausente público pelotense nos espetáculos teatrais que ainda se aventuram nesta cidade, retomo o comentário sobre a volta do Palhaço Goiaba, ou Alexandre Coelho à terra que o fez descobrir o amor ao teatro e a sua vocação à técnica de clown. Neste sentido, os presentes puderam conferir momentos de muito riso no espetáculo MMM!!!, no qual o palhaço mostra os seus malabarismos para preparar as refeições de um restaurante, após saber que o cozinheiro não poderia trabalhar neste dia. Apensar de não ter as devidas habilidades para esta tarefa, o palhaço consegue desempenhar todas as funções. Porém, as executa por meio de situações muito atrapalhadas, levando o público ao riso constante, salientando-se o momento em que o ator contracena com 2 gelatinas, numa situação digna dos grandes comediantes em fazer graça com os elementos mais simples possíveis. Além deste momento, gostaria também de ressaltar a situação em que o ator enfrenta ao atuar com uma galinha viva no palco e do que esta ave consegue fazer com o palhaço para que ela não vá parar na panela. Não houve quem não soltasse umas boas gargalhadas ao observar o palhaço nesta situação tão non sense. Outra grata surpresa deste espetáculo, foi quando o ator Lóri Nelson aparece como clown no final, revelando que era ele quem executava a contrarregragem participativa das cenas. Além de Lóri, ainda participava de MMM!!!, o ator francês Matthieu Cheveau, representando o Maitre que leva o público a degustar as palhaçadas que seguir-se-ão. Matthieu inicia sua explanação em francês e, logo em seguida, explica os acontecimentos em espanhol, convidando o público a desfrutar do menu de seu restaurante. Além disso, não posso deixar de citar o momento de lirismo, quando, após todas as situações engraçadas, surge um novo personagem clown-enamorado que irá saborear a refeição com a sua amada. Neste momento, podemos ver a representação deste anjo-ridículo que, apesar de nos levar a muitas risadas, consegue nos emocionar com a pureza de suas simples ações de palhaço.
Para aqueles que acompanharam a carreira de Alexandre Coelho, observar a sua evolução na experimentação das técnicas de palhaço, nos deixa muito orgulhosos, pois este ator iniciou sua carreira em Pelotas, mudou-se para Europa, consolidou o seu trabalho e retorna à cidade de origem para mostrar a sua arte que vem sendo desenvolvida em outro continente. Entretanto, Alexandre nunca fez telenovela no centro do Brasil, talvez tenha sido este o motivo que não levou o público a lotar o Teatro do COP, nem à mídia local prestar-lhe às devidas homenagens. Mas, este fato de nada interfere na qualidade do trabalho deste artista gaúcho que prosseguirá sendo reconhecido no continente europeu. Talvez, agora, após lerem este comentário alguns membros da sociedade pelotense possam enviar seus filhos para apreciarem o trabalho que Alexandre e sua Trupe desenvolvem na Europa.
MSc. Vagner Vargas
DRT – Ator – 6606 -Integrante do Clube dos Comentaristas de Espetáculos Teatrais de Pelotas (CCETP).
vagnervarg@yahoo.com.br
www.ccetp.blogspot.com

O Marinheiro

De setembro deste ano para cá tenho comparecido em salas de teatro em diversas ocasiões e lugares. Tenho visto salas quase vazias, talvez por causa de filmes e novelas que podem ser vistos sem que seja preciso sair de casa.
No teatro não apenas se destoa da mesmice televisiva, mas também são tratados assuntos que a mídia tenta evitar. Também há de se citar que, por termos diversos grupos teatrais na cidade e até mesmo um curso de teatro na UFPel, certamente há trabalhos de qualidade sendo feitos por aqui.
Neste ano tivemos um encontro de teatro promovido pelo Teatro Sete de Abril e delineia-se um festival para o ano vindouro. Chama a atenção a agitação do teatro local. Ainda assim, as cadeiras da plateia permanecem quase vazias.
Assisti há poucas semanas, no dia 25 de novembro, no foyer do Sete de Abril, por meio do projeto 'Cena Literária', a peça 'O Marinheiro', trazida pelo Teatro Escola de Pelotas. Assistindo ao espetáculo fui colocado no interior de um sonho. Não. Não dormi durante o espetáculo. Pelo contrário, o texto me prendeu do início ao fim.
Uma cadeira e um véu compunham o cenário. Cada uma das personagens carregava consigo apenas uma vela e um livro. A beleza da simplicidade se fez evidente na montagem do trabalho. Causou-me estranheza que as atrizes lessem o texto de suas falas durante a execução da peça, ainda que camuflado nos livros constantemente manuseados. A trilha sonora induzia à introspecção, ressaltando ainda mais a ideia central do texto de Fernando Pessoa. O público que cabe no foyer do teatro é pequeno e deve-se destacar que na ocasião era composto na sua maioria por pessoas ligadas ao teatro (alunos do curso da UFPel representavam mais de metade da plateia).
Depois dessa encenação assisti outras mais. Em um festival de esquetes realizado em São Leopoldo também me deparei com grande parte das cadeiras vazias.
Em um cenário tão prolífero como esse, falta algo essencial: quem assista. Cultura não é cultivada em uma ou duas semanas de eventos artísticos. Tivemos há pouco na cidade reuniões e mostras relacionadas à cultura. Isso pouco vale se for um evento isolado, mas sim se torna-se hábito.


Por Paulo Alfrino Borba

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Medéia: Talento Não Tem Idade

Por volta das 19:30, mais de cem pessoas lotaram o teatro do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no dia 15 de Dezembro de 2009, para assistirem ao processo de montagem do texto Medéia, de Eurípedes, representado por Josiane Almada, aluna do segundo ano de ensino médio da Escola Estadual Joaquim Duval, coordenado pela professora de Literatura Dagma Colomby. Certamente, foi um grande desafio para uma adolescente de 19 anos enfrentar uma platéia lotada de atores, diretores, professores de teatro e alunos das faculdades de dança, teatro, cinema, música e artes visuais da UFPEL, além do público em geral.
Neste sentido, saliento o virtuosismo com que Josiane interpretou Medéia, uma mulher com mais de quarenta anos, amargurada pelos dissabores da vida que, em um momento de loucura, acaba matando os próprios filhos, no intuito de vingar-se do ex-marido, após ele ter se casado com uma mulher mais jovem. Sendo assim, o que mais chamou atenção não foi apenas a capacidade interpretativa da jovem atriz, mas sim, a compreensão que esta adolescente apresentava de cada palavra do texto, expondo todo o denso universo psicológico que Medéia exige. Relato estes fatos, pois, atualmente, com uma triste constância observamos muitas pessoas subirem ao palco, intitularem-se atores, sem sequer significarem o texto dito pelas personagens e ainda chamarem isto de teatro.
Outro aspecto importante, refere-se ao fato do trabalho evidente em vertentes baseadas em poéticas do teatro físico, tratando o ator como um elemento orgânico, onde observamos todo o contexto sendo contado através da fusão dos aspectos físicos e psicológicos da personagem. Estas características estavam presentes neste trabalho e seu crédito deve-se, em grande parte, ao brilhante trabalho da professora Dagma Colomby, a qual, além de diretora de teatro e atriz há mais de 20 anos nesta cidade, soube conduzir, com maestria, o trabalho de sua aluna. Deste modo, percebe-se o eficiente labor de uma educadora capaz de descobrir os meios possíveis para alcançar a significação do processo criativo por parte de seus alunos. Além disso, Dagma e Josiane construíram um trabalho competente, no qual seus referenciais as levou a criar uma atmosfera que transcendeu aos limites do palco, envolvendo todos os presentes. Em função disso, não foram poucas as vezes em que era possível ouvir o choro da platéia comungando com o sofrimento e a loucura de Medéia.
Em consonância com o que foi dito acima, reafirmo que a batalha de uma professora e uma aluna de ensino médio, de uma escola pública, distante do perímetro central desta cidade ao levarem o seu trabalho artístico para apreciação de um público acadêmico, dentro da própria Universidade, foi vencida com o brilhantismo e a sensibilidade que somente os verdadeiros artistas possuem. Desta forma, espero que o nome Josiane Almada seja uma constante em futuros espetáculos teatrais. Ademais, anseio que o trabalho da diretora Dagma Colomby obtenha o devido respeito que merece. Entretanto, ainda sinto falta desta atriz novamente nos palcos pelotenses. Esta situação deve-se muito ao fato de há alguns anos Dagma dedicar-se ao fomento da arte teatral no Bairro Santa Teresinha, em Pelotas, agregando mais de cem pessoas em seu trabalho de experimentação teatral.
Portanto, espero que os preconceitos intelectuais do centro e zonas “nobres” desta cidade consigam ter o respeito e humildade em identificar que o talento surge independentemente de sua situação socioeconômica e geográfica. Acrescentado-se a isso, almejo que este digno trabalho, construído em uma escola pública, reverbere estimulando o processo criativo em outros locais desta cidade, onde freqüentemente resta apenas a soberba e o saudosismo, já que o público anseia por gozar dos prazeres que somente a arte pode lhes fornecer.
MSc. Vagner Vargas
DRT – Ator – 6606 - Integrante do CCETP.
vagnervarg@yahoo.com.br

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Revisitando Eus

Na tarde de sábado, dia 14 de novembro de 2009, a comunidade da região das doquinhas de Pelotas teve a oportunidade de assistir ao espetáculo Revisitando Nossos "eus", do Centro Contemporâneo de Pesquisa e Movimento Berê Fuhro Souto. O espetáculo foi apresentado ao ar livre, com entrada franca. Aos poucos várias pessoas foram aproximando-se para descobrirem de onde vinha aquela música e o que significava aquele sofá disposto fora dos padrões. Muitas foram as pessoas que se perguntavam o que iria acontecer ali. Mas, o que mais chamou atenção foram as famílias da região trazendo seus filhos para assistirem a alguma apresentação que eles nem sabiam do que se tratava. Entretanto, traziam todas as crianças para assistirem-na.

O espetáculo aborda, através da dança-teatro, a obra dos poetas Clarice Lispector e Fernando Pessoa, interpretado por três dançarinas-atrizes de uma forma muito delicada. A escolha dos textos estava sensivelmente conectada à execução dos movimentos que, intercalados com momentos de acompanhamento musical e outros não, prendiam paulatinamente a atenção do público. Algumas pessoas podem pensar que a erudição de poetas como Clarice e Fernando ficaria restrita a plateias já iniciadas nos estudos literários, ou que se habituam ao consumo artístico há muito tempo. No entanto, o que Berê Fuhro Souto e seu grupo comprovaram foi que, independentemente do local onde se leve a arte, ela é capaz de tocar até mesmo aos que ainda não dispunham de referenciais para analisá-la criticamente. O espaço onde se deu a apresentação foi muito bem aproveitado pelo grupo, que algumas vezes usou a fachada de um tradicional bar do local para compor seus movimentos, de uma forma que parecia que o espetáculo havia sido concebido para aquele lugar. Esta apropriação que o grupo fez do espaço cênico foi muito importante para integrar o público à cena. Mais importante ainda foi para que os presentes repensassem a tradicional ideia de que teatro e dança são manifestações artísticas que devem ser apresentadas somente em teatros com palco italiano.

Além disso, pouco a pouco, o espetáculo ia conquistando uma plateia considerada, por vezes, das mais difíceis: as crianças. O público infantil que se aglomerou à volta do espaço assistia a tudo silenciosamente. De início, todos perguntavam aos adultos do que se tratava aquela movimentação. Os adultos respondiam que deveria ser teatro, ou alguma outra apresentação. Realmente, dança-teatro é uma área de intersecção ainda desconhecida para muitos. Porém, devemos saber que a separação entre dança, música e teatro ocorreu apenas no nosso mundo ocidental sequitarista, que algumas vezes necessita separar todas as partes para que possa compreendê-las, como se a visão de um todo fosse impossível aos olhos dos demais. Atualmente, os movimentos em dança-teatro vêm para quebrar estes paradigmas, pegando o público despercebido e, ao mesmo tempo, captando-os para dentro das cenas que se formam através de movimentos e palavras imbricados entre si, propondo-nos uma nova visão de arte.

Sendo assim, oportunidades para revisitarmos Clarice Lispector e Fernando Pessoa são sempre válidas, especialmente quando observamos fenômenos de vendas literárias de autores estrangeiros, enquanto o público brasileiro – dos poucos que lêem – desconhecem os grandes autores da língua portuguesa. Por este motivo, o Centro Contemporâneo de Pesquisa e Movimento Berê Fuhro Souto está de parabéns pelo trabalho realizado em levar, através da dança-teatro, das melhores literaturas a um público que muitas vezes mantém-se esquecido dos investimentos políticos em cultura.

MSc. Vagner Vargas
DRT – Ator – 6606 - Integrante do CCETP
vagnervarg@yahoo.com.br

Artigo do Vitor está no DM

O artigo escrito pelo Vitor Azubel, querido amigo, colega de profissão e integrante do CCETP, sobre a apresentação do TEP no Cena Literária da quarta-feira passada (05/11), "O marinheiro navega nos sonhos", baseado em texto de Fernando Pessoa, foi publicado do Diário da Manhã de hoje, em uma versão reduzida daquela que consta neste blog - com a autorização do Vitor, eu fiz uns cortes para ficar dentro do tamanho solicitado pelos jornais, de noi máximo 3 mil toques.