tag:blogger.com,1999:blog-90442938012036301122024-02-19T16:00:04.426-08:00Comentários dos Espetáculos Teatrais de PelotasJoice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-59303115585681934002013-05-31T19:29:00.001-07:002013-05-31T19:29:13.908-07:00Maturidade, Talento e Ética no Teatro: A Cia Pelotense de Repertório<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Era
um domingo, 16 de setembro de 2012, chuvoso e frio, típico do final de inverno
em Pelotas. Porém, essa não foi a desculpa para manter um expressivo número de
pessoas em suas casas assistindo aos enfadonhos programas de televisão exibidos
nos canais abertos. Motivados pelo anúncio do novo espetáculo de teatro da
Companhia Pelotense de Repertório, muitos espectadores resolveram aproveitar o
dia para apreciar essa estreia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma
das novidades, se referia ao fato do local da apresentação se dar no João
Gilberto Bar, um espaço até então não explorado pelas artes cênicas pelotenses.
Este espaço já tradicional e conhecido na região por suas festas e shows
musicais, abriu suas portas para um novo filão de mercado: o teatro. A este fato, devemos saudar o pioneirismo da
Cia Pelotense de Repertório por estar abrindo caminho para quiçá um novo espaço
fixo para apresentações teatrais em Pelotas. Obviamente que, dada a estrutura
do local, os espetáculos teatrais que ali possam vir a ser encenados precisarão
ser específicos a esse contexto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
primeiro fato que chamou a atenção, foi o número de espectadores, pois eles,
apesar de em grande número, representam ainda uma pequena parcela de pessoas
que possam vir a buscar esse tipo de entretenimento em dias e locais fora dos
usuais. O fato da proposta da Companhia ser para apresentar seu espetáculo em
bares, já agrega um potencial interessante e atraente ao público, pois, além de
irem apreciar uma obra teatral, também podem dispor do conforto e dos serviços
que um bar e restaurante possa lhes oferecer e, após a apresentação,
confraternizar com o elenco e frequentadores do local.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Esse
fato permite que os espectadores se sintam motivados a saírem de suas casas para
assistirem a uma peça de teatro, já que sabem que não irão se deslocar a um
local geralmente insalubre, onde deverão permanecer horas em pé, no frio e com
pouca ventilação, como alguns grupos de teatro crêem como única alternativa
para apresentações em espaços “alternativos”. A necessidade de buscar novos locais
para manter a arte teatral viva na cidade de Pelotas se faz necessário, uma vez
que o único teatro público da cidade permanece fechado há mais de 2 anos pela
atual gestão municipal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
segundo aspecto que me despertou o interesse na plateia, foi a faixa etária dos
espectadores. Comumente, costumamos ver adolescentes e adultos jovens nas
plateias dos teatros. No entanto, para esse trabalho da Cia Pelotense de
Repertório, observei que a maior parte do público era composta por pessoas de
meia idade e idosos. Também devemos prestar atenção a essa situação, pois isso
mostra além de uma empatia dessas pessoas ao excelente trabalho do grupo de
atrizes que estava se apresentando, demonstra ser uma fatia de público pouco
explorada pelos artistas de teatro nos dias de hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nesse
dia, a Cia apresentou o <i>Stand up Comedy</i>
4.5 <i>A Toda Potência</i>. O espetáculo,
apesar de dialogar com o estilo tradicional das comédias em pé norte
americanas, possui um enredo, com momentos em que cada uma das personagens vai
contando a sua história, outros onde dialogam entre si e com a plateia. O texto
criado por Joice Lima, que também assina a direção, foi criado a partir de
situações e histórias pessoais das atrizes e de pessoas que colaboraram para a
criação da peça de teatro. Com ótimas sacadas em tom de humor, as atrizes Joice
Lima, Ana Alice Muller, Neusa Maria Khun, Márcia Monks e Val Fabres vão
revelando as problemáticas e vivências de mulheres que já passaram dos 40 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Talvez,
esse seja um dos aspectos que tanto gerou empatia e identificação da plateia
que se fez presente. Foi muito prazeroso observar os espectadores se
divertindo, gargalhando e comentando com seus amigos sobre as situações que as
personagens iam revelando. Temáticas como amor, adultério, solidão, fantasias
sexuais e o amadurecimento foram abordadas no tom certo durante a construção
dramatúrgica do espetáculo. Gostaria de salientar a ótima sacada do elenco ao
aproveitar o espaço onde estavam se apresentando para dialogarem com os
espectadores de maneira mais próxima, quebrando as barreiras entre o “espaço do
artista” e o “espaço da plateia”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Além
disso, a intimidade, talento, carisma e entrosamento das atrizes permitia que o enredo
fosse se desenvolvendo de uma maneira muito leve. O tempo de comédia estava na
medida certa para as situações que as personagens viviam, o que estimulava
ótimas gargalhadas ao público presente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
certeza, foi um final de domingo muito agradável a todos que foram assistir ao
espetáculo <i>4.5 a Toda Potência</i>. Essa
é apenas uma das diversas peças de teatro que a Cia Pelotense de Repertório
possui e que costumam ser frequentemente levadas aos palcos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
maturidade cênica do elenco representa um dos fatores de destaque dessas
artistas, não somente pelo respeito que demonstram com os seus espectadores ao
oferecerem espetáculos que sejam agradáveis, mas também, por considerarem o
conforto e bem estar de quem lhes assiste. Isso, faz com que o público se sinta
respeitado e valorizado pelos artistas e não pareça que o artista está fazendo
um favor aos espectadores e por isso devam ir a qualquer lugar, com qualquer
estrutura para assisti-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
público carece de entretenimento e espetáculos de boa qualidade. O número
expressivo de pessoas na plateia desse dia ressalta a necessidade da oferta
artística que contemple não apenas essa faixa etária, mas também às pessoas que
desejam sair de suas casas e viverem momentos agradáveis em contato com a arte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Portanto,
recomendo para quem ainda desconhece os trabalhos da Companhia Pelotense de
Repertório, que guarde bem esse nome e procure assistir aos seus espetáculos
que constantemente circulam pela região. Além disso, reforço o valor do
empenho, ética e respeito que esses artistas matem na criação de suas peças de
teatro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vagner
Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ator
DRT: 6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Crítico
de Teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/">http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/</a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Texto completo publicado em: <a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/maturidade-talento-e-etica-no-teatro.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/maturidade-talento-e-etica-no-teatro.html</a></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-42094670278954424602013-05-31T19:27:00.002-07:002013-05-31T19:27:41.119-07:00Mais Um Excelente Trabalho de Valter Sobreiro Jr e do Teatro Escola de Pelotas Volta aos Palcos<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os nomes
Valter Sobreiro Jr. e Teatro Escola de Pelotas falam por si só e já trazem uma
qualidade intrínseca agregada a quaisquer trabalhos que venham a desempenhar.
No dia 19 de dezembro de 2012, não foi diferente. Quando começou a apresentação do espetáculo <em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">Entremez da Rainha Dona
Maria, a Louca, e seu Fiel Criado Belisário</span></em><em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-style: normal;">, na Bibliotheca Pública Pelotense, a plateia presente já sabia que se
tratava de um excelente espetáculo.<o:p></o:p></span></em></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;"><br /></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">O texto da peça,
escrita e dirigida por Valter Sobreiro Jr., conta uma história que se passa em
um lixão isolado, à beira de um rio poluído, onde uma mulher, afetada pela
loucura, vive a fantasia de ser D. Maria I, rainha de Portugal. A personagem
vive em seu castelo de faz de conta, com Belisário, um adolescente mantido aos
seus serviços como se vivessem no século XVIII. O mundo fantasioso de D. Maria
I é confrontado pela chegada de um bebê ao lixão e, logo em seguida, quando a
mãe dele, uma jovem prostituta vem buscá-lo. A partir daí, se desenrola a trama
de acontecimentos do espetáculo.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O texto
mantém a qualidade e identidade dramatúrgica que Valter costuma imprimir em
seus trabalhos. Os diálogos muito bem construídos, alinhavam uma trama coesa,
onde nada está sobrando ou fora de lugar. A maneira inteligente como Valter
organiza a história, leva os espectadores a refletir sobre a solidão, depressão
e a necessidade que algumas pessoas têm em criar desculpas para não encararem a
dura realidade de suas vidas. Claro que, no caso da protagonista, esses limites
são ultrapassados, confundindo-se entre loucura e sanidade, crueldade e doçura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Valter
Sobreiro Jr. Também assina a cenografia, iluminação e direção do espetáculo. A
cenografia simples, porém extremamente funcional e de acordo com a proposta,
consegue colaborar para a construção do ambiente desfrutado por D. Maria I e
Belisário. De início, ficamos com a impressão de que a peça se passa em algum
lugar devastado, lembrando as ambientações backetinianas, onde transitam
personagens destruídos pela sua dura condição, sem esperanças para grandes
mudanças em suas vidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
iluminação compõe uma estrutura dramatúrgica em consonância com os diversos
momentos que cada personagem vai enfrentando. Apesar da pouca disponibilidade
técnica para iluminação cênica no local, Valter soube potencializar os recursos
disponíveis, sem afetar o desenvolvimento das cenas. Além disso, tanto a
operação de luz, quanto a paleta de cores utilizadas colaborava para a construção
dos momentos da história que transitavam entre os campos onírico, real, insano,
assim como também ajudavam na transição das cenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A maneira escolhida para realizar as trocas de
cenas, assim como a contra regragem encenada por Juliano Gass e Ana Laura Paiva
foi muito adequada à proposta. Ambos os atores entravam e saíam de cena,
preenchendo e potencializando alguns momentos da história. Além disso, a trilha
sonora composta por Leonardo Oxley além de bela, envolvia os espectadores no
universo e nos conflitos de cada personagem de maneira muito delicada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um capítulo
à parte, se refere aos figurinos concebidos por Barthira Franco. Essa peça pode
ser um típico exemplo para as pessoas que desejam fazer figurinos para teatro,
sobre como adaptar materiais que permitam intensificar a caracterização das
personagens de acordo com a proposta do espetáculo. Os figurinos de D. Maria I
e Belisário refletem o interior dessas pessoas degradadas por uma vida que
abandonou o plano real e criou o seu próprio mundo imaginário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As
texturas, cores e desenhos das vestimentas construíam um ótimo exemplo de como
se conceber o visagismo para um espetáculo de teatro. Além disso, os figurinos
dos outros personagens contrapondo a realidade da jovem prostituta com a ficção
da contra-regragem, traziam os contra pontos perfeitos para fecharem com a
concepção de encenação adotada. Este espetáculo é apenas mais um exemplo da
qualidade do trabalho de Barthira Franco como figurinista. Isso, sem falar no
seu trabalho como atriz, encenadora, maquiadora, cenógrafa e, atualmente, como
diretora do Teatro Escola de Pelotas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O trabalho
do ator Sérgio Peres, que deu vida à personagem D. Maria I, merece todos os
elogios. A opção de uma atuação não realista e estilizada pode ser a premissa
para o desabamento de um espetáculo, quando feita por um ator despreparado. O
que não é o caso do experiente e talentoso Sérgio Peres, que assumiu a difícil
tarefa de manter essa opção estilística durante todo o espetáculo. Já nas
primeiras frases da peça, nós esquecemos completamente de que se trata de um
ator interpretando um personagem feminino. Sérgio conseguiu fugir de todas as
armadilhas simplistas da estereotipação de uma personagem mulher, interpretada
por um homem e ele ainda vai além, conseguindo imprimir todas as nuances e
facetas que a personagem necessita à medida que vai revelando sua história à
plateia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Visivelmente,
observamos o quanto a construção dessa personagem exige não apenas da
sensibilidade de Sérgio Peres, mas também do seu físico. Inclusive, o trabalho
corporal e estética adotadas por ele para construir tal personagem, me
lembraram as referências trazidas no filme <i>Stage
Beauty</i> (2004), quando falam sobre o fato dos atores até o século XVII
interpretarem personagens femininas e as suas <b>“</b><strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-weight: normal; padding: 0cm;">Five Positions of Feminine
Subjugation”. Sérgio, com toda a sua experiência nos palcos, consegue envolver
os espectadores nos dramas, traumas e na loucura da sua personagem na medida
certa.<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;"><br /></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;">O ator Bernardo Pawlak, que
interpreta o jovem Belisário, costura a história fornecendo características de
doçura, ingenuidade, leveza e sensibilidade para o seu personagem. Bernardo,
apesar da pouca experiência nos palcos, não deixa nada a desejar frente ao
experiente Sérgio Peres. Muito pelo contrário, Bernardo consegue transitar
pelos momentos em que é “escada” e nos momentos em que seu personagem traz a
cena para si na medida certa.<o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;"><br /></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;">Já a experiente atriz Roberta
Rangel, quando entra em cena, traz uma personagem que irá desestabilizar as
relações já construídas na história. Roberta consegue imprimir verdade cênica a
sua personagem, sem a necessidade de maiores esforços. Sua personagem, que é
uma jovem prostituta, poderia ser uma fácil armadilha para atrizes
inexperientes, caindo em estereótipos ou puxando para características
televisivas e pouco inteligentes. Porém, Roberta vai mais a fundo,
compreendendo os conflitos de sua personagem e a sua condição naquela história.
Roberta sensibiliza os espectadores no drama de sua personagem de maneira muito
doce e delicada.<o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;"><br /></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;">O elo de ligação entre o universo
não realista da personagem D. Maria I e a vida cruel e real da prostituta é
costurado pelo personagem Belisário. Entretanto, essa situação não fica apenas
na construção da dramaturgia textual, ela se manifesta na atuação dos atores. Sérgio
Peres atua dentro de uma perspectiva não realista de construção da personagem.
Roberta traz uma personagem realista, na dose certa como o contexto necessita.
Já Bernardo, consegue transitar por essas duas opções estéticas, sem prejudicar
a encenação. Muito pelo contrário, talvez seja esse um dos predicados que
qualificam esse espetáculo, fornecendo uma verossimilhança impressionante a
todas as personagens, dentro de cada um dos seus contextos.<o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;"><br /></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;">Obviamente que tudo isso só foi
possível, pois toda a equipe fora conduzida pelas mãos do experiente diretor
Valter Sobreiro Jr. que soube potencializar as qualidades de cada um dos seus
atores com a maestria que sempre observamos nos seus espetáculos. Além disso,
também gostaria de destacar a versatilidade da encenação, uma vez que a sua
proposta se adéqua tanto para palcos do tipo italiano, quanto para outros
espaços cênicos. Este fato é muito importante nos dias de hoje, quando, antes
de pensarmos no mercado para os espetáculos de teatro, também precisamos levar
em conta as possíveis adaptações espaciais que venhamos a encontrar pelo
caminho.<o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;"><br /></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<strong><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; padding: 0cm;">Portanto, termino esse texto
recomendando a todos que ainda não foram assistir à </span></strong><em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Entremez da Rainha Dona Maria, a Louca, e seu Fiel Criado
Belisário, </span></em><em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">que o façam enquanto estiver em cartaz, pois se
trata de mais um competente exemplo dos grandes trabalhos de Valter Sobreiro
Jr. e do Teatro Escola de Pelotas. Além disso, a população de Pelotas precisa
voltar a valorizar as produções teatrais dos artistas de sua cidade e da qualidade
dos seus espetáculos tão reconhecidos no resto do país.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;"><br /></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">Vagner Vargas<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">Ator – DRT: 6606<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">Crítico de
teatro<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;"><a href="http://www.criticasparateatro.blospot.com/">www.criticasparateatro.blospot.com</a><o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;"><br /></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; font-style: normal; line-height: 115%;">Texto completo
publicado em: </span></em><a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/mais-um-excelente-trabalho-de-valter.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/mais-um-excelente-trabalho-de-valter.html</a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-61801060860302196812013-05-31T19:26:00.001-07:002013-05-31T19:26:03.938-07:00Berliner Ensemble traz Mãe Coragem, de Betold Brecht, para Ensinar o Verfremdungseffekt ao Público Local<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os sites de compras de ingressos já avisavam com um mês de
antecedência que o espetáculo estava com seus bilhetes esgotados. Na bilheteria
do teatro e nos postos de vendas do 19° Porto Alegre em Cena, a informação era
a mesma. Porém, a procura por desistências e novos ingressos era imensa em
todos os locais. Parecia que até mesmo aqueles que desconheciam Bertold Brecht
ou o Berliner Ensemble sabiam que se tratava de um espetáculo especial e, por
isso, merecia tamanho esforço para assisti-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu,
assim como muitos, não consegui comprar os ingressos pela internet. Cheguei em
Porto Alegre três dias antes da apresentação do espetáculo no dia 06 de
setembro de 201. Não adiantou muito. Apesar de peregrinar por vários postos de
vendas e aguardar horas sentado em frente à da bilheteira do Theatro São Pedro,
não consegui comprar o ingresso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mesmo
assim, não desisti. Cheguei 10 minutos antes do teatro abrir suas portas e
fiquei observando a imensa fila de pessoas que dispunham de ingressos, assim
como a outra fila dos que, como eu, tinham esperança de conseguir a liberação
de cadeiras extras ou o surgimento de ingressos à venda naquele momento.
Infelizmente, isso não ocorreu. Porém, enquanto caminhava pela frente do teatro
ouvi umas senhoras comentando a felicidade de poderem comprar os ingressos com
desconto, devido a sua faixa etária, o que lhes permitia assistir a um número
maior de pelas de teatro durante o Festival.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Então,
quando começo a me afastar uma delas diz para outra que comprou um ingresso a
mais e que tentaria vendê-lo. Na mesma hora, saltei em direção a essa senhora e
pedi para comprar o ingresso. Assim que me viu, uma outra moça chegou um pouco
atrasado e a idosa me ofereceu o bilhete pelo preço integral. Quando
questionei-lhe se não havia o comprado pela metade do preço, minha adversária
saltou e disse que pagaria o preço integral. Por uma questão de honra e por ter
chegado primeiro, paguei o valor integral. A contra gosto, pois poderia ter
pago 50% daquele valor. Mas, se não fosse assim, talvez eu não tivesse
conseguido adentrar o teatro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Começo
o texto narrando essa minha saga por um ingresso, mas também gostaria de
divulgar a minha indignação pelos altos valores dos ingressos para algumas
apresentações durante esse evento. Esse festival de teatro que acontece na
capital gaúcha recebe incentivos públicos, assim como verbas da iniciativa
privada. Compreendo perfeitamente que o espectador deva aprender que tem que
pagar para assistir ao trabalho dos artistas, do mesmo modo que paga para
assistir a jogos de futebol, entradas e bebidas alcoólicas em casas noturnas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não
me aterei muito a essas questões, pois já as abordei no texto publicado aqui: </span><a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/porto-alegre-em-cena-e-um-publico-avido.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/porto-alegre-em-cena-e-um-publico-avido.html</a> <span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">. O público deve aprender a valorizar e a pagar
pelo trabalho dos inúmeros profissionais que trabalham no mercado artístico,
assim como toda a economia indireta que se forma durante tais eventos. No
entanto, isso não é desculpa para que os valores dos ingressos sejam tão altos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bom, após
toda essa explanação, comentarei sobre o quanto a apresentação da peça Mãe
Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht, me tocou durante os seus 180 minutos. A peça escrita em 1939, estreou em 1941, em Zurique. Mãe
Coragem é uma mulher que tenta salvar os seus filhos dos horrores da guerra,
conduzindo uma carraça com objetos que são vendidos tanto aos militares, quanto
à população em geral. A personagem perde seus dois filhos para as propostas
ilusórias do exército. Lá, esses dois garotos perdem suas vidas. Durante esse
período, Mãe coragem continua sua peregrinação entre os destroços da guerra,
tendo ao seu lado a sua filha muda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Durante
a peça, apesar do horror da guerra, vemos a descoberta de romances e momentos
de lirismo, quando cada uma das personagens revela um pouco do que há de mais
íntimo. Infelizmente, a menina muda perde a sua vida, tentando avisar aos
moradores de uma pequena localidade sobre um ataque militar que se aproxima.
Ante toda essa barbárie, Mãe Coragem decide continuar, pois não lhe resta outro
destino, senão sobreviver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
texto de Bertolt Brecht – grafia diferente do seu nome de nascimento, pois o
escritor alemão gostava que seu nome fosse escrito dessa forma – traz à tona
todo o contexto político vivido na Alemanha durante aquele período. Além disso,
essa peça é um ótimo exemplo de como podemos analisar as características
defendidas por Brecht sobre como deveria ser o seu teatro. Por todos esses
motivos e muitos outros que eu poderia citar aqui, recomendo a leitura das
muitas peças de teatro escritas por esse gênio da dramaturgia teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
Berliner Ensemble é uma companhia de teatro alemã fundada em 1949, por Bertolt
Brecht e sua esposa, a atriz Helene Weigel. Atualmente, o Berliner Ensemble
está situado no <span style="background: white; mso-bidi-font-style: italic;">Theater
am Schiffbauerdamm, em Berlim. A companhia trabalha em consonância com os
preceitos defendidos e propostos por Brecht e que revolucionaram a perspectiva
do fazer teatral a partir de então.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
montagem que chegou ao palco do Theatro São Pedro era linda. Aliás, perfeita!
Não há outra palavra para definir o espetáculo que pude ter o prazer de
assistir e do quanto aquele trabalho mexeu comigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Inicialmente,
ao entrarmos na plateia do teatro, víamos que o palco estava adaptado,
diferente das suas proporções tradicionais, do tipo italiano, já que o palco do
Berliner Ensemble, em sua sede, tem outras proporções espaciais. Toda a
estru</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vagner
Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ator
– DRT: 6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Crítico
de teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com/">www.criticasparateatro.blogspot.com</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Texto
completo publicado em: </span><a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/berliner-ensemble-taz-mae-coragem-de.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/berliner-ensemble-taz-mae-coragem-de.html</a><span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-68696690628197240682013-05-31T19:23:00.004-07:002013-05-31T19:23:46.867-07:00Experiências do Théâtre du Soleil para um Público Privilegiado<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
Théâtre du Soleil, dirigido por Ariane Mnouchkine, é um dos melhores e mais
importantes grupos de teatro do mundo. Fundado em 1970, na Cartoucherie de
Vincenes, em Paris, o Théâtre du Soleil ficou famoso mundialmente pelo primor
de seus espetáculos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
forte influência do teatro oriental, Ariane e sua troupe também têm um forte
compromisso político e social em seus espetáculos. Os últimos três espetáculos
do Théâtre du Soleil vieram ao Brasil permitindo que o público local pudesse
apreciar de perto o trabalho de artistas tão importantes no cenário teatral.
Não há o que se dizer sobre esse grupo, a não ser ressaltar a excelência do
trabalho dos atores, dramaturgos, músicos, cenógrafos, figurinistas,
maquiadores e de toda a equipe técnica, liderados pela maravilhosa Ariane
Mnouchkine. Vale à pena vocês guardarem esse nome para que, na próxima
oportunidade, possam assistir a um dos espetáculos desse grupo francês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Porém,
o público pelotense teve o privilégio de assistir a <i>Palavra de Ator</i>, apresentada no auditório Jandir Zanotelli, da
UCPEL, no dia 29 de abril de 2013, com entrada franca. Esse espetáculo, trazido
pelo SESC Pelotas, contava com dois artistas que integram o elenco do Théâtre
du Soleil, a brasileira Aline Borsari e o experiente Maurice Durozier.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
espetáculo, em tom didático, conta a história de um ator que vai respondendo às
perguntas de sua pupila sobre o que é teatro e o que representa ser ator. Aline
se coloca como “escada” para que Maurice vá aos poucos relatando um pouco da
sua experiência como ator e de suas considerações sobre a carreira artística,
baseadas em suas vivências junto a um dos mais importantes grupos de teatro do
mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
experiência foi válida não somente por estarmos diante de um grande artista,
mas pelo caráter didático com que ele foi explicando aos presentes o que
representa a profissão dos atores, como é o seu trabalho e quais os princípios
éticos que devem norteá-la. Foi uma aula, principalmente, aos atores novatos,
àquelas pessoas que apreciam a arte, àquelas que trabalham em áreas
relacionadas ao teatro, mas que ou não tiveram uma carreira artística, ou estão
dando os seus primeiros passos nesse sentido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ouvir
as declarações de um ator que traz em si a experiência dos palcos gravadas em
seu corpo supera qualquer discurso teórico sobre a arte teatral, pois ali está
alguém que realmente vive essa arte, a mantém viva e pulsante nos palcos do
mundo inteiro. Considero que o público presente saiu dali contente por ter tido
a oportunidade de conhecer um ator tão importante como Maurice Durozier.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomara
que um dia a cidade de Pelotas possa ter a oportunidade de trazer algum
espetáculo do Théâtre du Soleil para o seu público, assim como as cidades de
São Leopoldo e Porto Alegre já tiveram. Para aqueles que desconhecem o trabalho
desse grupo de teatro, lhes deixo a indicação do <i>site</i> deles: </span><a href="http://www.theatre-du-soleil.fr/">http://www.theatre-du-soleil.fr</a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vagner
Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ator – DRT:
6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Crítico de
Teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com/">www.criticasparateatro.blogspot.com</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Texto
completo publicado em: </span><a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/experiencias-do-theatre-du-soleil-para.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/experiencias-do-theatre-du-soleil-para.html</a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-54902107760116914222013-05-31T19:22:00.003-07:002013-05-31T19:22:49.473-07:00Ói Nóis Aqui Traveiz e o seu Amargo Santo da Purificação<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
um final de tarde escaldante do dia 16 de dezembro de 2012, a Tribo de
Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz apresentou o espetáculo O Amargo Santo da
Purificação no largo do Mercado Público, ao lado da Prefeitura de Pelotas. Essa
não foi a primeira vez que o espetáculo esteve na cidade, nem tão pouco a
primeira vez que eu o assisti. No entanto, essa foi a oportunidade em que pude
ficar mais próximo dos atores, já que anteriormente havia assistido a peça de
longe, no centro da cidade de São Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
espetáculo é uma criação coletiva do grupo porto alegrense e tem no elenco os
atuadores Paulo Flores, Tânia Farias, Pedro Kinast De Camillis, Clélio Cardoso,
Marta Haas, Edgar Alves, Roberto Corbo, Sandra Steil, Paula Carvalho, Eugênio
Barbosa, Lucio Hallal, Paula Lages, Déia Alencar, Alex Pantera, Karina Sieben,
Jorje Gil, Aline Ferraz, Eduardo Cardoso, Raquel Zepka, Caroline Vetori,
Anelise Vargas, Letícia Virtuoso, Renan Leandro, Alessandro Müller e Jeferson
Cabral. Elogiar o exímio cuidado em todos os detalhes que compreendem as
encenações do Ói Nóis Aqui Traveiz é uma redundância. Mas, não devemos deixar
que tecer tais comentários, uma vez que este não é apenas um dos melhores
grupos de teatro do nosso país. O Ói Nóis é um dos mais importantes grupos de
teatro do mundo, reconhecido internacionalmente pela qualidade artística dos
seus trabalhos, assim como do seu forte engajamento político.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
Ói Nóis desenvolve uma série de atividades culturais da cidade de Porto Alegre,
levando a sua proposta pedagógica que alia a formação crítica e política dos indivíduos
com o que há de melhor na instrumentalização artística no nosso país. Não
bastasse isso, como esse grupo é formado, antes de tudo, por artistas, o seu
foco está sempre na arte. Nesse caso, no teatro. Não apenas no aprofundamento
teórico, mas na sua experimentação e criação prática com montagens teatrais de
extrema qualidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
<i>O Amargo Santo da Purificação</i>, com
dramaturgia construída coletivamente pela tribo a partir dos poemas de Carlos
Marighella, a tribo conta a história de um herói popular que os setores
dominantes do nosso país tentaram banir durante o período de ditadura. A
temática pode parecer forte de mais para um espetáculo de rua. Mas, é
justamente a seriedade e a ética com o que o grupo trata desta temática que faz
com que a peça prenda a atenção dos espectadores em plena rua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma
obra de arte no nível dos maiores artistas de todos os tempos, assim podemos
definir esse espetáculo. Pode parecer exagero para alguns. Entretanto, creio
que aqueles que tiveram o prazer de assisti-los comungam da mesma opinião.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
identidade visual que o grupo traz aos figurinos, maquiagem, elementos de cena,
bonecos, assim como nas enormes estruturas que surgem na nossa frente, são
fantásticos. Há uma unidade estética naquilo que é construído, apesar de
observarmos uma infinidade de referenciais que levaram o grupo a escolha dos
mínimos detalhes. Essa sofisticação criativa eleva o trabalho do grupo a um
nível de excelência, mas acima de tudo, reflete o quanto eles respeitam e
valorizam os seus espectadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
trabalho físico dos atores<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vagner
Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ator
– DRT:6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Crítico
de teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com/">www.criticasparateatro.blogspot.com</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Texto
completo publicado em: </span><a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/oi-nois-aqui-traveiz-e-o-seu-amargo.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/oi-nois-aqui-traveiz-e-o-seu-amargo.html</a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-16992309257000535462013-05-31T19:21:00.001-07:002013-05-31T19:21:33.494-07:00O Dia em que Donizetti se Contorceu<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Espetáculos
de ópera continuam tendo um público expressivo independentemente da cidade em
que sejam apresentados. Alguns preconceituosos e desconhecedores dessa
linguagem artística podem comumente proferir comentários considerando-a
ultrapassada ou desinteressante aos espectadores contemporâneos. Entretanto, seus
parcos argumentos vêem de encontro à postura do público pelotense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
relação histórica de apreço que o público de Pelotas tem com a ópera permanece
forte até os dias de hoje. Nos últimos anos, nossa cidade tem recebido
espetáculos de ópera pelo menos uma vez ao ano, com a plateia lotada e a
corrida por ingressos faz com que eles se esgotem em poucas horas após serem
disponibilizados aos espectadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa
situação também foi observada para a ópera <i>Il
Campanello</i>, de Gaetano Donizetti, apresentada em 16 de janeiro de 2013, no
Theatro Guarany, dentro da programação do III Festival Internacional SESC de
Música. Essa peça é considerada como sendo uma das mais engraçadas de Donizetti
e conta a história de Enrico, um homem que promove diversas peripécias para
atrapalhar a noite de núpcias de sua amada Serafina, com o farmacêutico Don
Annibale. Apesar do conteúdo divertido da história escrita pelo autor italiano,
o que vimos deixou muito a desejar no quesito comicidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
regência do espetáculo esteve a cargo do excelente Evandro Matté, responsável
pela condução da Orquestra Unissinos Anchieta. Como solistas tivemos a soprano
Luísa Kurtz, o baixo Saulo Javan e o barítono Douglas Hahn. Não me aterei à
qualidade musical desses artistas, pois o preparo técnico tanto dos
instrumentistas, quanto dos cantores e do próprio regente são impecáveis e perceptíveis
a quaisquer pessoas, assim como a competência musical de todos esses profissionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
entanto, apesar do experiente e competente Luis Paulo Vasconcelos ter dirigido
essa ópera, o resultado final pecou no que se refere à verossimilhança cênica.
Mesmo fazendo esse comentário, gostaria de salientar o meu profundo apreço,
admiração e respeito pelo trabalho de Luis Paulo Vasconcelos, um dos mais
importantes diretores, atores e teatrólogos do nosso estado. Porém, não somos
obrigados a acertarmos sempre e até mesmo os grandes cometem erros. Raramente,
mas também podem cometê-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Outro
fato que gostaria de destacar se refere ao elenco de atores que compunham as
cenas. Alguns deles são experientes atores, com sólida carreira reconhecida no
teatro e cinema gaúcho. Entretanto, o que víamos em cena era um excesso. Um
exagero em querer parecer engraçado, em querer ser expressivo. Alguns dos
figurantes pareciam querer se mover o tempo inteiro no palco, sem saberem o
objetivo de tal fato. Em outros momentos, havia uma super atuação no que se
refere à tentativa de busca da provocação do riso fácil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apesar
dos cantores serem excelentes, percebia-se que eles haviam sido orientados a
buscarem um tipo de comicidade que está ultrapassada nos dias de hoje e, na
verdade, não fica nada engraçado. Além disso, o restante do elenco se mantinha
em cena na linha do <i>over acting</i>. Mas,
não que isso esteja de acordo com a proposta e sim porque estavam exagerados
demais. A provocação forçada de piadas com situações atuais e regionalismos
forçados perdia o <i>time</i> de comédia e
não funcionava em momento algum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Infelizmente,
devo dizer que a responsabilidade por tais situações são de responsabilidade do
diretor que pecou nesse quesito ao conduzir o seu elenco a um estilo de atuação
e resoluções cênicas que não funcionam mais nos dias de hoje. Talvez, esse
estilo de interpretação funcione em alguns programas televisivos considerados
de humor. Mas, no teatro não funcionam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
iluminação foi um capítulo à parte. A impressão que eu tive foi de que o
iluminador não fazia a menor ideia do que estava fazendo na mesa de luz. O fato
de a luz estar vazada e mal afinada foi pouco perto de algumas situações que
ocorreram. Em certos momentos alguns <i>moving
lights</i> ligavam e conduziam o foco pelo palco, sem terem relação nenhuma com
a cena, muito menos com a localização do elenco. Além disso, por várias vezes,
o iluminador errava o foco que deveria acender para a cena que estava
acontecendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
cenografia me pareceu ser re aproveitada de outro espetáculo. Estava poluída,
em dissonância com a proposta. Ela mais parecia estar ali para preencher o
espaço cênico, do que para serem funcionais ao contexto da história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
primeiro momento em que o elenco apareceu em cena, as maquiagens e figurinos me
deram um susto. A impressão que tive foi de que haviam assaltado os guarda
roupas dos brechós que ainda guardavam as relíquias dos figurinos de filmes do
Almodóvar dos anos oitenta. Não havia uma proposta para o figurino. Não
bastasse o mal gosto e o exagero gratuito dos vestidos excessivamente
brilhosos, a impressão que dava era de que eles haviam sido alugados em algum
brechó a esmo, ao invés de terem sido concebidos por um figurinista para esse
espetáculo. Se a intenção era situar a peça no interior de uma boate dos anos
oitenta, toda a concepção do espetáculo deveria ter sido feita com esse intuito.
Porém, não foi o que observamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apesar
da visão equivocada com que o visagismo do espetáculo foi concebido, a história
divertiu os espectadores mais pelo seu conteúdo e pelos excelentes cantores, do
que pela poluição visual que observávamos em cena. Esses aspectos são muito
importantes de serem observados quando falamos em uma ópera, pois ela não é um
espetáculo de músicas apenas. Uma ópera é uma peça de teatro musical e, como
tal, deve ter todos os elementos que compõem a cena concebidos com a mesma importância
que desprendemos à técnica vocal dos cantores ou à perfeita execução dos
músicos instrumentistas da orquestra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Exemplos
de excelentes espetáculos de ópera existem em diversos países, como as
dirigidas por Robert Lepage, as montagens do Metropolitan de New York e em
diversos países europeus. No Brasil, apesar do volume de montagens de
espetáculos de ópera ainda serem discretos, dado o seu custo operacional, o
interesse e procura do público é imenso. Por esse motivo, gostaria de ressaltar
a necessidade dos diretores, regentes, músicos, técnicos, cantores e elenco
desses espetáculos prestarem a atenção na qualidade o produto cênico que estão
oferecendo aos seus espectadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Agora,
vamos torcer para que as próximas óperas que venham a ser apresentadas em
Pelotas estejam impecáveis, como o público pelotense e os artistas da cena merecem.
Também espero que, com a consolidação desse importante festival internacional
de música que movimenta nossa cidade no verão, nas próximas edições além das
óperas também possamos contar com espetáculos musicais nos moldes dos
encontrados na Broadway. Acredito que será de grande valia tanto ao evento,
quanto aos espectadores, a presença de espetáculos que aliem o canto –
demandando uma técnica diferenciada do erudito tradicional voltado às óperas -,
excelentes composições musicais, bailarinos e atores que possam transitar por
todas essas habilidades, como observamos nos espetáculos musicais
contemporâneos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Vagner
Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">DRT
Ator: 6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Crítico
de Teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/">http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/</a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Texto completo publicado em: <a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/o-dia-em-que-donizetti-se-contorceu.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/o-dia-em-que-donizetti-se-contorceu.html</a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-81338001884472059492013-05-31T19:18:00.004-07:002013-05-31T19:19:47.074-07:00Teatro Infantil Está Longe de Ser Fácil<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando
recebi a divulgação de um espetáculo infantil que seria apresentado no Theatro
Guarany no dia 03 de abril de 2013, dois sentimentos surgiram. O primeiro de
curiosidade pela obra que eu desconhecia e o outro de medo pela possibilidade
de termos mais uma peça de teatro infantil com qualidade duvidosa e que trate
as crianças como seres sem senso crítico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Já comentei
em outras críticas sobre o descaso com que alguns grupos de teatro tratam a
concepção das peças infantis. Alguns atores criam personagens tão canastras que
as crianças não demoram nem cinco minutos para se desinteressarem pela
história. Outros diretores confundem desfile de carnaval com espetáculos para
teatro e concebem encenações poluídas com fantasias em vez de figurinos;
cenários desconectados da proposta, mas que esbanjam uma suntuosidade vazia;
iluminação no estilo árvore de natal e músicas que costumam passar nos
programas da TV aberta durante os domingos, ao invés de uma trila musical
adequada ao contexto e ao público alvo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Apesar de
fazer essa introdução, não quero dizer que o espetáculo sobre o qual escreverei
logo a seguir tenha cometido esses equívocos. Mas, sempre que se ouve falar de
uma peça de teatro infantil, todas essas situações se tornam recorrentes e
fazem necessárias de serem trazidas ao contexto de toda crítica teatral para
que os leitores, quando forem ser espectadores de tais espetáculos, já se
desloquem de suas casas com o olhar aguçado. Tomara que essas advertências já
sirvam como estímulo a você que está lendo esse texto para criticar e negar os
próximos espetáculos infantis que venha a assistir e se enquadrem nas
características descritas acima. Os ganhadores dessa postura serão as crianças,
pela exigência de qualidade superior nas peças de teatro que lhes são
ofertadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt;">O espetáculo <i>Céu
e Terra, Água e Ar, Tudo Fede Sem Parar..., baseado no texto alemão </i></span><i><span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt;">Wasser in Eimer</span></i><span style="font-family: 'Courier New'; font-size: 12pt;">, de Reiner Luckner e Stefan Reisner, tem a</span><i><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt;"> direção de
Camilo de Lélis,</span></i><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 12.0pt;">
dramaturgia de Ramón Berta Wayne, adaptação de José Lutzemberger, até que tem
uma boa intenção ao se propor a contar uma história que incentiva o valor e a
preservação do meio ambiente. No entanto, a história não saiu do palco. As
crianças não se identificaram e não “viajaram” no enredo. Isso se tornava
perceptível pelo fato da enorme dispersão das crianças, além da agitação de
costume em uma peça infantil. As crianças não prestavam atenção na história e
mais queriam brincar na plateia do teatro, do que prestar atenção na peça.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Possibilidades para essa rejeição das crianças são
inúmeras. Nesse sentido, vou me ater apenas as que acredito que pudessem ser
resolvidas facilmente pelo diretor do espetáculo. Em primeiro lugar, um teatro
como o Guarany que possui um sistema acústico direcionado para grandes
espetáculos musicais, sempre causa um enorme problema aos atores, já que esses
não costumam ter a técnica vocal dos cantores de ópera para conseguirem ser
ouvidos em todos os cantos da plateia. Sobretudo, em um espetáculo infantil,
onde sabemos que as crianças sempre permanecerão conversando e se manifestando
durante toda a apresentação. Esse fato demanda que os atores tenham uma técnica
vocal impressionante para que suas vozes consigam se sobressair as dos
espectadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Mas, no caso do Teatro Guarany, fazer uma
apresentação para o público infantil é quase que uma tortura para o elenco, já
que a acústica do teatro não lhes favorece. Desse modo, acredito que caberia ao
diretor constatar esse problema e providenciar microfones ao elenco para que as
crianças pudessem ao menos terem escutado a história da peça. Talvez, esse
tenha sido um dos motivos pelos quais os espectadores se mostravam tão
desinteressados, pois eles, simplesmente, não ouviam o que estava acontecendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Sobre o elenco formado por Evandro Soldateli,
Lisandro Bellotto, Elisa Lucas e Ana Schneider, destaco as participações dos
dois atores, uma vez que seus esforços em se fazerem ser ouvidos obtinham
melhores resultados. O destaque ficou para Evandro que conseguia desenvolver
uma relação mais próxima com a plateia e controlá-los com mais facilidade que o
resto do elenco, além de conseguir ter um volume vocal que lhe favorecia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Algumas piadas fáceis e soluções simplistas para a
história não funcionaram em nenhum momento. Além disso, me parecia que o texto
continha piadas que apenas os adultos compreenderiam o subtexto delas. Todas
elas eram desnecessárias à história daquelas personagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Outro fator me incomodou bastante foi a iluminação.
O espetáculo foi muito mal iluminado. A maior parte do tempo havia pouca
luminosidade. Os espectadores já estavam com dificuldade de ouvir os atores e
ainda havia pouca luminosidade. As cenas eram escuras, sem terem a necessidade
de ser. Não era uma opção estética de encenação. Se foi, ela estava incoerente
com todo o resto do espetáculo. Além disso, apesar do equipamento de iluminação
presente no local, os focos estavam mal afinados, criando sombras inclusive nos
lados do palco, desviando a atenção a cada vez que eram acessos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">O público infantil carece de espetáculos teatrais.
Porém, isso não significa que devemos descuidar da qualidade do produto
artístico que ofertamos às crianças. Essas experiências e vivências serão
importantíssimas na formação de plateias futuras e no desenvolvimento do senso
estético dessas pessoas. Por esse motivo, reforço a necessidade de olharmos
para o teatro infantil com olhos mais respeitosos e não o encararmos como uma
fatia de mercadológica de venda fácil para os espetáculos de teatro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Mesmo tendo uma sensação desagradável em relação a esse
espetáculo, saliento que todos os artistas envolvidos nessa montagem são
bastante reconhecidos pela sua competência no meio artístico. Inclusive,
observei o estado de exaustão que os atores ficaram após a apresentação, dadas
as condições estruturais da casa de espetáculos. Porém, todas essas questões
deveriam ser mais cuidadas pela produção da peça ainda durante o seu processo
de ensaios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Ator – DRT: 6606<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white; font-family: "Courier New"; font-size: 12pt;">Crítico de Teatro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<a href="http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/" style="background-color: white;">http://www.criticasparateatro.blogspot.com.br/</a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white;">Texto completo publicado em: <a href="http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/teatro-infantil-esta-longe-de-ser-facil.html">http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/teatro-infantil-esta-longe-de-ser-facil.html</a></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.5pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-45305330364455756162013-03-21T13:44:00.000-07:002013-03-21T13:44:54.487-07:00Tabataba escancara a fragilidade humana<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTX0OUbfWlnxnbj6SjAB7wMN5Yhyx6lYnxMzMaxlG7NBX2Gyr7o4VhfQlK90XJz64yMFXlGQFRSTHyq6irEdOzBQrFqMV0dSPsIocmjYInI0VpxqhvnuTB9NdSBlqbpAuoAPGxSZM_rayg/s1600/tabataba.cen%C3%A1rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTX0OUbfWlnxnbj6SjAB7wMN5Yhyx6lYnxMzMaxlG7NBX2Gyr7o4VhfQlK90XJz64yMFXlGQFRSTHyq6irEdOzBQrFqMV0dSPsIocmjYInI0VpxqhvnuTB9NdSBlqbpAuoAPGxSZM_rayg/s320/tabataba.cen%C3%A1rio.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: right; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br />Por Joice Lima*<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">Um
irmão. Uma irmã. Uma casa abandonada. Dois irmãos abandonados. Uma relação de
dependência mútua. Uma casa em ruínas. Dois corações em ruínas. Dois corações
que anseiam por liberdade. Duas almas aprisionadas. Uma à outra... Ou a si
mesmas... Às suas próprias neuroses e fragilidades. À incapacidade de ir
adiante. À necessidade de culpar o outro pela própria impotência. O pequeno
espelho mostra oitenta pessoas atentas na plateia, mas a peça mostra muito
mais. Mostra o quanto somos selvagens e, ainda assim, humanos. Humanos demais.
Tão humanos que dói. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">Irmão
e irmã que gritam sua angústia, a frustração e o desespero pela incapacidade de
sair "dali". Estão supostamente em uma ilha, mas poderiam estar em um
arranha-céu, no meio de uma cidade grande. A solidão seria a mesma. A moça,
Maiamuna, sonha em se casar, mas para fazer isso “precisa” encontrar uma concha
fechada, "perfeita", que ela busca diariamente. O rapaz, Putoabu,
sonha em conhecer o mundo, mas precisa terminar sua moto, imaginária, que ele monta,
aos poucos, com pedaços de sucata. "Eu preciso ir, mas só vou se você for
primeiro. Vai você! Vai você! Se não for, não posso ir". Um
"precisar" autoimposto para disfarçar o medo, não, o terror de
enfrentar o desconhecido. Mais fácil empurrar para o outro o peso das minhas
decisões não tomadas. Mais fácil ficar e reclamar. Humano demais. Dói.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNjzodV_y7FiCLMQ8mSms2L3XrzOtILXI_ugnFFLfSo28tMp9emHIXWAHuYChDM5XwrsDQD8WYQdF7CJWAkZu3mueTUctA0sUr3T5NLDnrpIsNaGHniJeKBovhQEjnakbAPKRra7H1V6QX/s1600/tabataba.martha.juliano.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNjzodV_y7FiCLMQ8mSms2L3XrzOtILXI_ugnFFLfSo28tMp9emHIXWAHuYChDM5XwrsDQD8WYQdF7CJWAkZu3mueTUctA0sUr3T5NLDnrpIsNaGHniJeKBovhQEjnakbAPKRra7H1V6QX/s320/tabataba.martha.juliano.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">Um
escancara a fraqueza do outro com sinceridade cruel – o dedo, impiedoso, enfiado
na ferida aberta. Expõe a ferida do outro, mas segue imerso na própria
fantasia. O ataque como defesa. Autoproteção. Apesar da agressividade mútua, o
sentimento entre os dois derruba qualquer barreira de ódio. União fraternal...
Sexual... Irmandade. Amor. Ou necessidade? Dependência? Precisam um do outro
para manter seu teatro particular, sua vida protegida dos perigos do mundo
real. Precisam um do outro... Será mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhii7Qo8urOc37Mz-cqZwDmJuM344Z5SR68KQAJz4W8lZg1qqV1RUXv-RACL5bupiuKjvKTRrByCYjGnVU_bQScTPjrig2ZRRogsyxeSCAw0Z3jfCbagRmad7WFxTE2PKU57QyS0ch1U00q/s1600/tabataba.marthagrill.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhii7Qo8urOc37Mz-cqZwDmJuM344Z5SR68KQAJz4W8lZg1qqV1RUXv-RACL5bupiuKjvKTRrByCYjGnVU_bQScTPjrig2ZRRogsyxeSCAw0Z3jfCbagRmad7WFxTE2PKU57QyS0ch1U00q/s320/tabataba.marthagrill.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">Tabataba,
encenada a partir da peça do </span><span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Arial;">francês </span><span style="background: white; font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Bernard-Marie
Koltès,</span><span class="apple-converted-space"><span style="background: white; color: #1e1e1e; font-family: Arial; font-size: 5.0pt; line-height: 150%;"> </span></span><span style="font-family: Calibri; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">
foi apresentada no final de tarde do último domingo (17), em uma casa em ruínas
às margens da BR-<st1:metricconverter productid="392, KM" w:st="on">392, KM</st1:metricconverter>
56. Dirigida por Rodrigo Rocha, a proposta é descentralizar o teatro, levar o
público a outros lugares que possam contribuir na sua sensibilização, pesquisa
que está desenvolvendo em seu TCC no curso de Teatro Licenciatura da UFPel.
Funcionou. É verdade que a entrega visceral dos atores Martha Grill e Juliano
Bohn Gass provavelmente teria emocionado mesmo em um espaço convencional, mas
com certeza o “resultado” foi intensificado por diversos fatores... Ajudou o
ritual percorrido pela plateia, que se deslocou até o Capão Seco, caminhou pelo
campo até chegar à casa abandonada e se sentou em cadeiras portáteis ou no
chão. Ajudou o por-do-sol, que serviu de iluminação natural - acabou no momento
exato em que terminou a peça. Ajudou o ruído dos veículos que transitavam pela
BR, seus sopros, secos, rompiam o silêncio absoluto da plateia, estarrecida com
a performance. Ajudaram os grupos de quero-queros que cruzavam, de vez em
quando, pelo céu, como se quisessem também eles fazer parte daquele momento
especial. Ajudou um animal que entrou na última cena, nos momentos finais da
peça. Ele (parecia uma lontra! não sei se era) apareceu ao fundo e correu um
pouco, na direção dos dois irmãos, que estavam sentados em cadeiras, de costas
para o público, selando sua reaproximação, inevitável. Chave de ouro para
encerrar um trabalho que tocou e fez refletir sobre a fragilidade humana. Uma
daquelas (poucas) performances que não se esquece e que faz a gente pensar: -
Que bom que eu estava lá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 219.75pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 219.75pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">*Joice
Lima é jornalista (UFSM), teatróloga (UFPel), atriz, diretora e dramaturga,
integrante da Cia Pelotense de Repertório Teatral. <o:p></o:p></span></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-71948682039977727182012-10-02T13:17:00.006-07:002012-10-02T13:17:47.379-07:00Histórias de uma Atriz Negra<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Inicialmente,
a história do teatro brasileira restringia os negros à plateia, quando podiam
pagar, ou a personagens estereotipados, interpretados por atores brancos que
maquiavam sua pele para interpretá-los. Obviamente que, envolto a isso, temos
todo o contexto social brasileiro de uma época. Porém, foi graças ao
pioneirismo de Abdias do Nascimento e Ruth de Souza, com o seu Teatro
Experimental do Negro (TEM), criado em 1944, que esse panorama começou a ser
modificado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em outro
texto, já abordei a questão do papel do negro no teatro contemporâneo. Por esse
motivo, não me deterei a ela aqui. Entretanto, não podemos esquecer e sempre
deixar de lembrar a importância da atriz Ruth de Souza ao teatro brasileiro.
Graças a sua coragem, determinação, talento e persistência, ela conseguiu consolidar
sua carreira como uma das maiores atrizes brasileiras, além de abrir espaço
para que muitas outras mulheres negras pudessem subir aos palcos como
profissionais das artes cênicas, sendo respeitadas pela sua competência.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No dia 28 de
setembro de 2012, foi apresentado, no Teatro do COP, o espetáculo “No Palco
Ruth de Souza”. As atrizes Lucila Clemente e Kaya Rodrigues dividem o palco
para contar a história de uma das figuras mais importantes da história recente
do Brasil. O espetáculo em tom de memória, perfaz de maneira sintética a
trajetória de carreira e vida pessoal de Ruth de Souza. O texto/concepção/direção/trilha
sonora de Lucila Clemente e Josiane Acosta surgiu ainda quando as duas jovens
atrizes estavam na faculdade de teatro, como seu trabalho de conclusão de
curso. Talvez por esse motivo, se observe algumas fragilidades relativas a
esses quesitos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não me aterei
tanto a fazer uma minúcia técnica sobre os problemas existentes no espetáculo,
em respeito à personagem tema da história. Entretanto, não posso deixar de
comentar que a imaturidade artística das atrizes conferiu uma tonalidade de
demasiada leveza à história de uma mulher que, com certeza, deve ter enfrentado
e ainda enfrentar os piores preconceitos em relação ao seu percurso pessoal e
profissional. Percebo que as atrizes desejaram fazer uma homenagem à Ruth e
queriam que a peça tivesse um caráter alegre. No entanto, se fazia necessário
prestar um pouco mais de atenção às dificuldades que ela enfrentou ao longo dos
anos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As projeções
de vídeos com fotos e cenas de Ruth de Souza foram muito bem exploradas. Na
verdade, a força cênica dessa atriz é tão grande que acabava criando um
problema a Kaya e Lucila, quando terminavam os vídeos e voltávamos à cena
teatral. A comparação acaba sendo inevitável e também não podemos esperar que
duas atrizes tão jovens consigam se igualar à experiência de Ruth de Souza.
Paradoxalmente, não quero dizer que as atrizes não sejam competentes. Muito
pelo contrário, fazem valer a sua jovialidade e energia para segurarem esse
espetáculo durante os quase 60 minutos de performance.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Por outro
lado, vou citar apenas mais uma situação que se refere ao canto em teatro. Já
comentei isso algumas vezes, pois acredito que o canto exige uma série de
questões, tais como, técnica vocal, musicalidade, interpretação, emoção e
etc... Entretanto, sempre temos que ter o discernimento das diferenças entre
atores e cantores. Em um espetáculo de teatro, o ator pode cantar de maneira
dissonante, com técnica falha, sem musicalidade, desde que isso esteja dentro
de um contexto específico da história e do seu personagem. Caso contrário,
apenas salientará a sua desafinação e falta de talento musical. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No caso desse
espetáculo, as atrizes foram muito corajosas em cantar à capela em alguns
momentos, talvez tentando mostrar um caráter informal ao momento da peça. No entanto,
estando em frente ao público, não há espaço para se utilizar a informalidade
como defesa de nossas fragilidades técnicas. Acredito que os problemas
observados nos momentos de canto, poderiam ser contornados se as atrizes fossem
acompanhadas por músicos tocando ao vivo, já que um <i>playback</i> mecânico exigiria um potencial vocal muito maior.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Apesar de
Pelotas ser uma cidade com uma expressiva população negra, não vi muitos negros
no teatro naquela noite. Aliás, mesmo o espetáculo sendo gratuito, o teatro não
estava nem cheio. Quem perdeu foi o público que deixou de ver uma apresentação
teatral que contou a história de uma das atrizes mais importantes desse país.</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 10pt;">MSc. Vagner
Vargas</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<u1:p></u1:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 10pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<u1:p></u1:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: red; font-family: ""sans-serif"","serif"; font-size: 10.0pt;"> vagnervarg@yahoo.com.br<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 10pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-57427114577174995492012-10-02T12:40:00.004-07:002012-10-02T13:12:05.504-07:00O Lugar do Negro no Teatro Brasileiro Contemporâneo<br />
<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Atualmente, com o avanço das discussões sobre a
discriminação étnica e das Leis anti-racismo, a população negra começou a
reivindicar os seus direitos perante à sociedade brasileira. No entanto, no que
se refere ao mercado de trabalho para atores negros, apesar de terem ganho um
pouco de visibilidade, esta ainda é ínfima, comparada à proporção de negros no
contingente populacional brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Embora algumas pessoas justifiquem que estejam vendo
mais atores negros nas telenovelas fazendo personagens que não sejam apenas de
escravos, motoristas, criminosos e empregadas domésticas, o padrão estético
determinado pela grande mídia para a escolha desse elenco se pauta em traços de
beleza caucasianos. Essas características são bastante discretas, mas vão desde
à tessitura vocal ao formato de nariz, cabelos, tom de pele, tipo físico e
etc... Além disso, os personagens costumam vir carregados de uma justificativa
étnica para lá estarem, ou seja, se for um médico negro, haverá um conflito em
torno da cor de sua pele, não sendo possível que apenas seja um médico que por
ventura é negro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Outra
justificativa que os defensores da mídia podem utilizar, se refere ao fato de
que existem muitos atores negros em evidência na televisão brasileira. Porém,
comparando a realidade étnica brasileira e a diversidade que se observa nas
ruas, você continuará pensando que a proporção de atores negros na TV reflete à
realidade brasileira? Ou será apenas uma obrigatoriedade para cumprir uma mera
quota de conformismo com as oportunidades igualitárias? Será que os negros não
geram audiência e consumo? O que ocorrerá no dia em que os negros resolverem
ter a coragem para mudar de canal e buscarem uma programação que realmente os
inclua e os trate de maneira igualitária?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No entanto, meu foco aqui não se direciona à TV.
Todavia, não podemos falar sobre oportunidades de trabalho para atores negros,
sem citarmos as mídias de massa. Nesse sentido, ainda refiro os personagens
negros que atualmente aparecem no cinema nacional. As mesmas reflexões que
citei anteriormente se referem à sétima arte. Contudo, acredito que, no que
tange aos personagens, o cinema brasileiro ainda está um passo atrás, já que
grande parte dos filmes brasileiros colocam o negro apenas numa situação
marginalizada. Não quero dizer com isso que essa realidade não seja verossímil.
Porém, será que é a única?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando falamos em teatro, o ponto de análise se
altera, pois as imposições midiáticas não chegam a afetar a grande produção
teatral. Entretanto, no que se refere ao teatro comercial, em especial àquele
produzido no grande eixo Rio-São Paulo, as normatizações estéticas da televisão
costumam determinar as escolhas de elenco. Apesar disso, devido ao caráter democrático
que o teatro costuma apresentar, temos a possibilidade de ver um contingente
maior de atores negros em cena. Mesmo assim, a proporção de atores brancos
costuma ser maior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa situação nos leva a refletir sobre quais
motivos tornam esse fato uma realidade. Obviamente, não podemos deixar de ter
em mente que há séculos a população negra sofre um processo de discriminação,
exclusão e marginalização étnica em nossa sociedade. Além disso, apenas há
algumas décadas estão ocorrendo avanços civis sobre esse assunto. Nesse sentido,
devemos sempre ponderar sobre as oportunidades num sentido global, uma vez que
envolvem aspectos que não se relacionam somente ao mercado de trabalho
artístico, mas também à educação, moradia, saneamento e etc... Muitas pessoas
podem contestar dizendo que esses fatores não estão diretamente relacionados ao
desempenho profissional no teatro. Todavia, devemos ponderar que, do nosso
confortável ponto de análise, as condições sociais podem ser as mesmas para
quaisquer etnias. No entanto, ao colocarmos o advento histórico nessa balança,
será que não teríamos um lado étnico mais sobrecarregado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desse modo, a luta pela sobrevivência e pelo espaço
igualitário na sociedade acaba levando os negros a buscarem alternativas mais
imediatas de subsistência. Além disso, as oportunidades artísticas costumam
estar localizadas em pontos sociais distantes da realidade dessas pessoas não
somente no aspecto geográfico, como também de identificação. Talvez os motivos
que expliquem o pouco contingente de atores negros nos palcos brasileiros, em
relação à proporção populacional, estejam ligados a esses fatores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sob esse ponto de vista, também gostaria de
salientar a escassez de uma produção dramatúrgica voltada ao teatro que
contemple temas relacionados à etnia negra que não sejam aqueles que falem
apenas de sua marginalização social, escravidão ou as mesmas abordagens dadas
pela TV e pelo cinema nacional. Da mesma forma que os gregos e outros tantos
povos souberam transformar suas mitologias em teatro, a mitologia brasileira,
de origem africana também deveria receber esse tratamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Obviamente, que os fatos históricos, a colonização
brasileira e os conceitos ainda arraigados em princípios de uma moralidade
religiosa dos tempos em que o Brasil ainda não era um estado laico segundo à
Lei, abarcaram todo um processo de opressão para manter a cultura negra longe
dos limites história oral. Nesse sentido, acredito que essas histórias ainda
precisam ser escritas e firmadas na dramaturgia teatral brasileira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Porém, gostaria de salientar que esse discurso não
está demarcando o ramo de atuação dos negros para espetáculos que abordem suas
origens étnicas e religiosas. Muito pelo
contrário, acredito que esse pode ser um dos caminhos de identificação para
atrair uma fatia de público que costuma estar à margem das histórias que lhes
são apresentadas e a partir daí, quem sabe, oportunizar-lhes uma perspectiva de
identificação e auto-estima. Além disso, também acredito que os atores negros
devam lutar pelo seu espaço para fazerem personagens que não venham com a
descrição “negro” no texto original, pois se a característica étnica não é o
conflito principal daquele personagem em determinada história, não existem
limitações para que apenas as pessoas de origem caucasiana tenham o direito de
representá-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Contudo, não podemos deixar de ponderar sobre o
aspecto de que sempre é colocado sobre os ombros da população negra a
responsabilidade por lutarem pelos seus direitos e espaços na sociedade. Esse
ponto de vista é confortável e cômodo aos indivíduos de outras origens étnicas,
uma vez que, numa análise simplista, não precisariam alterar em nada suas
condutas sociais e profissionais para permitirem a igualdade de direitos e
oportunidades para todos os cidadãos. Desse modo, reitero o foco desse texto ao
mercado teatral para os atores negros no Brasil, uma vez que não devemos jogar
a responsabilidade da pouca proporção de atores negros nos palcos, apenas ao
fato deles não lutarem pelo seu espaço nesse mercado de trabalho. Essa seria
uma visão alienada e ingênua. Cabe sim aos espectadores negros exigirem sua
retratação nos palcos, aos atores negros terem o seu devido espaço, mas acima
de tudo, aos artistas que trabalham nesse mercado abrirem as oportunidades para
que os personagens sejam tratados apenas como seres humanos. Sendo assim, a
origem étnica do profissional que o interpretará será desconsiderada, já que o
personagem será tratado pela sua essência humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No entanto, não quero que as duas últimas frases do
parágrafo anterior sejam distorcidas, uma vez que essa foi a justificativa para
que durante muitos anos atores brancos maquiassem a sua pele com o intuito de
interpretarem personagens negros. Quando falo em personagens negros, me refiro
a histórias em que o contexto étnico dessa personagem se torna a essência de
seu mote conflitual. Realmente, o palco é o lugar mais democrático, onde todos
artistas podem ser quem a história precisar que eles sejam. Mas, isso não quer
dizer que esse argumento se torne uma justificativa para enfatizar o processo
de exclusão social de raiz étnica que temos em nosso país. Sendo assim, quando
o foco da existência daquele personagem não for o conflito social gerado em
função da sua etnia, não haveria justificativa para que os personagens fossem
pensados numa lógica caucasiana. Com isso, enfatizo que a escassez de atores
negros nos palcos também se deve à necessidade de mudança na perspectiva que os
próprios artistas do teatro têm em relação aos personagens das peças de teatro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Portanto, gostaria de finalizar esse texto, em que
levantei algumas reflexões sobre o lugar do negro no teatro brasileiro
contemporâneo, reiterando a necessidade de que sua história e tradições sejam
tradas com o respeito e a importância que merecem, sem olhar vertical determinado
pela a cultura caucasiana nos palcos, TV e cinemas do Brasil. Além disso,
também saliento o fato de que os negros precisam fazer valer o seu valor como
geradores de consumo, audiência e presença na sociedade. Dessa forma, acredito
que a ponderação sobre os fatos aqui levantados possam ser apenas alguns poucos
pontos de vista que nos levem a refletir sobre número de atores negros que
vemos nos palcos brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-22967917194198569612012-09-21T12:33:00.002-07:002012-09-21T12:33:13.253-07:00Hibridismo, Ousadia e Arte Tendo o Teatro como Cenário e Contexto<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p><span style="text-indent: 35.4pt;">No dia 14 de
setembro de 2012, os atores Ana Laura Barros Paiva, Lumilan Noda, Tai Fernandes
e Tatiana Duarte, apresentaram o espetáculo “Olhar do Outro” em frente ao
Theatro Sete de Abril. Já que o único teatro público da cidade de Pelotas está
fechado, o grupo aproveitou a oportunidade para levar o seu trabalho para a
rua, utilizando a fachada do prédio como seu cenário e o fazer artístico como
mote de suas discussões.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tendo o texto
“A Gaivota”, de Anton Tchekhov, como referencial inicial de pesquisa, a
diretora Alexandra Dias nos propõe um espetáculo que dialoga com outras
linguagens artísticas, rompendo com as barreiras limitantes entre as diversas
artes. Além do texto do escritor russo, o grupo utilizou textos de Rubens
Figueiredo e Robert Patrick para compor a dramaturgia do espetáculo. Além disso, a história era costurada por
momentos, relatos e vivências pessoais de cada ator, dialogando com as
passagens textuais dessas obras literárias, com o intuito de refletirem sobre o
fazer teatral e a condição do artista no mundo contemporâneo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Com um caráter
de intervenção cênica no espaço público da cidade, o grupo propõe aos
espectadores, além de outras abordagens, a discussão sobre qual o papel e o
lugar do ator na sociedade. Essas reflexões acabavam sendo potencializadas pelo
fato de estarmos assistindo a todos esses fatos, tendo como cenário de fundo um
belo teatro, construído no século XIX, que hoje permanece fechado e
representando o descaso que as artes cênicas sofrem nas políticas atuais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O trabalho que
os atores tiveram em se expor da maneira corajosa como fizeram, desvelando suas
fraquezas pessoais, propiciou aos espectadores uma aproximação de histórias de
vida que se identificam com os conflitos dos personagens literários. Esse tipo
de diálogo entre ficção e realidade, relatos pessoais e textos dramatúrgicos
vem sendo utilizado em diversos trabalhos artísticos que desejam desassossegar
o espectador do seu olhar viciado nas estruturas formais e tradicionais das
artes. Essas propostas além de oferecem ao público uma relação mais próxima com
o contexto representado, lhe fomentam uma percepção diferenciada, um outro modo
de encarar e se relacionar com os mais diversos tipos de situações que
acontecem a sua volta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nesse sentido, muitas vezes um espetáculo não
precisa de palavras e expressões textuais, uma vez que suas imagens podem dar
vazão a uma série de abordagens e os artistas não necessitam delimitá-las
dentro de um contexto definido. Por esse motivo, a opção pode ser pela
exposição dessas imagens e deixá-las para que o público vá compondo os espaços
lacunares, conforme é tocado naquele momento. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sendo assim, o
trabalho em questão nos expôs uma série de imagens lindas, não apenas nas
projeções, mas também na movimentação dos atores e na maneira como eles se
relacionavam com todos os signos que estavam ali sendo expostos. Desse modo,
não posso deixar de elogiar a maneira como o grupo se apropriou e re-significou
alguns quadros surrealistas, do pintor belga René Magritte, brindando a plateia
com outras possibilidades de leituras daquelas obras e do peso que essas
imagens imprimiam no contexto do espetáculo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O figurino elaborado por Larissa Martins vinha
muito ao encontro do contexto da peça do dramaturgo russo. Mas, além disso, os
trajes extremamente belos, elegantes e bem acabados já nos chamavam a atenção
no início do espetáculo quando os atores vinham chegando à esplanada em frente
ao teatro. Nesse momento, poderíamos traçar relações sobre a tradição histórica
que a população dessa cidade tinha em se vestir bem para ir ao teatro durante o
século XIX e início do século XX. Porém, agora, essas pessoas disporiam apenas
do espaço ao ar livre para apreciar o espetáculo. Apesar dessa relação textual
e da percepção crítica sobre a situação, os figurinos também dialogavam com as
obras do artista belga utilizado como referência e estavam extremamente
adaptados à funcionalidade cênica de que havia necessidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A trilha
sonora original e os vídeos de Thiago Rodeghiero compunham um ambiente no qual,
ao mesmo tempo em que intervinham na paisagem urbana com as projeções, traziam
o foco cênico para as discussões que os atores estavam propondo. A polifonia de
informações da performance era sublinhada e ressaltada pelas projeções muito
pertinentes que ajudavam a ampliar o leque de leitura das imagens apresentadas.
Além disso, o crédito e êxito das projeções também se devem ao fato de fugirem
do lugar comum e simplista que vemos em algumas peças de teatro. A utilização
de filmagem e projeção ao vivo também foi muito interessante para os
espectadores observarem o diálogo entre duas linguagens, enquanto a atriz
Tatiana Duarte apresentava um dos textos mais lindos e difíceis de “A Gaivota”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A maquiagem
utilizada pelo grupo foi muito adequada ao contexto da concepção de encenação e
à luminosidade que teriam nessa apresentação na rua. A iluminação de Juliano
Bonh Gass fez mágica e mostrou muita criatividade para adaptar os recursos
técnicos para um local ao ar livre que não dispõe de estrutura técnica para
apresentações teatrais à noite. Nesse sentido, todos os recursos foram muito
bem utilizados colaborando para a ambientação e contexto cênico.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O elenco
inteiro está de parabéns pelas suas atuações. Mesmo sendo atores tão jovens,
trabalhando em um espetáculo em que a performance se direciona à multiplicidade
de imagens que compõem à plasticidade cênica, conseguiram trazer seus universos
pessoais para a identificação dos conflitos das personagens daquelas histórias.
Além disso, apesar das adversidades, os atores conseguiram segurar o
espetáculo, mesmo sofrendo interferências desagradáveis de delinquentes que
tentaram prejudicar a apresentação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mais uma vez,
sou obrigado a falar da falta de educação de algumas pessoas em relação aos
espetáculos que são apresentados em Pelotas. Nesse caso, por ser uma performance
ao ar livre, os artistas já sabem que estarão expostos a quaisquer adversidades
que possam vir a acontecer. Entretanto, isso não justifica que algumas pessoas
se julguem donas do espaço público e se outorguem o direito de agredirem não
apenas quem está se apresentando, como também quem está assistindo àquela obra.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O fato em
questão se refere a mais de uma dúzia de jovens que estavam naquele local e não
queriam permitir que houvesse uma apresentação teatral naquele espaço, pois
desejavam utilizá-lo para dançar e cantar <i>rap</i>
e <i>hip hop</i>. Em primeiro lugar, a Praça
Cel. Pedro Osório é um espaço imenso e essas pessoas poderiam ter ido se
expressar em outro ponto da praça, uma vez que o grupo de atores possuía
liberação da prefeitura para apresentar o espetáculo naquele local, ou,
simplesmente, se sentarem e apreciarem o evento. Além disso, a quantidade de
bebidas alcoólicas que aqueles jovens faziam questão de mostrar que estavam
ingerindo, não nos ilustrava que o seu intuito era apenas de expressar as suas
músicas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não foram
poucas as vezes que eles gritaram e tentaram atrapalhar a encenação, dizendo
que queriam <i>rap</i> e se utilizavam do
fato desse tipo de expressão estar associada às pessoas de classe social menos
favorecida para tentarem intimidar a plateia a não reclamar. Acredito que seja
muito fácil e cômodo se colocar no lugar e no papel de injustiçado quando não
se respeita o espaço dos outros. Pela quantidade de bebidas alcoólicas que
passavam de mão em mão e as dimensões espaciais da praça, também não acredito
que aqueles jovens estivessem apenas com o intuito de se relacionarem com a
arte. Antes de tudo, se desejam ter o seu espaço, precisam saber respeitar o
olhar do outro em querer desfrutar de outras expressões artísticas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Apesar de a
plateia ter presenteado esses jovens com a indiferença, para que pudessem
assistir ao espetáculo, financiado pelo poder público, acredito que os
espectadores pelotenses não possam continuar sendo expostos a esse tipo de
situação nas apresentações ao ar livre. Sendo assim, saliento o meu protesto
quanto à ausência de guardas municipais e/ou da brigada militar durante o
evento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Essa
interferência foi tirada de letra pelo grupo de artistas e acabou se tornando
apenas mais um ruído desagradável que vinha de fora do ambiente cênico. Mas, em
nada afetaram à qualidade do trabalho que ali foi apresentado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto,
considero que a proposta trazida em “Olhar do Outro” seja de grande valia para
as discussões do papel dos atores na nossa cidade e da maneira como as
políticas culturais não vêem tendo a devida importância nesse município. Nesse
sentido, espero que o grupo ainda possa apresentar esse espetáculo, de maneira
segura, em outras ocasiões para que mais pessoas possam ter contato com esse
diálogo híbrido entre as artes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-79133569166823035522012-09-11T10:09:00.001-07:002012-09-11T10:09:02.474-07:00Chapitô e o Teatro Físico Português<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A companhia
Chapitô, criada há 25 anos em Portugal, esteve em Porto Alegre/RS, de 05 à 07
de setembro, apresentando o espetáculo “Cão Que Morre Não Ladra”, no Teatro do
SESC. Criado por Teresa Ricou, o Chapitô trabalha ativamente na formação
artística e social de jovens de classes menos favorecidas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O trabalho
desenvolvido por essa companhia não se restringe apenas ao fazer artístico e à
formação dos seus alunos. Agregado a esse coletivo, existem diversas entidades
realizando atividades de cunho social, somando colaborações da iniciativa
privada nacional, internacional e também de poderes públicos. Nesse caso, a
arte é o meio catalisador para esse diálogo. Muito embora, nos dias de hoje, o
Chapitô já conte com certa estrutura, isso foi construído com muito trabalho,
seriedade e comprometimento social ao longo dos anos. O que ressaltou o
trabalho desses artistas foi o fato de não ficarem apenas no limiar teórico e
do embasamento de discursos polidos, o seu trabalho obteve o devido valor, dada
à qualidade artística das suas produções.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As ações que
esses artistas realizam para a integração de jovens em situação de risco e
vulnerabilidade social por meio das artes é louvável e merece todo o nosso
respeito. Friso e saliento bastante o trabalho do Chapitô, pois suas ações não
têm nenhum caráter assistencialista, como vemos comumente em diversos trabalhos
realizados pelo Brasil, onde o Governo libera grande soma de investimentos para
atividades com objetivos semelhantes e o que observamos são olhares verticais
assistencialistas do oportunismo de seus realizadores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As técnicas
circenses são o local de interlocução no processo formativo dos artistas
oriundos do Chapitô. Entretanto, a multidisciplinaridade se faz presente e
podemos observar claramente no corpo dos seus atores técnicas que advém do
mimo, dança, teatro físico em geral, circo, <i>clown</i>,
<i>Commedia Dell Arte </i> e etc... O corpo do ator é o ponto de partida
para a comunicação com os espectadores e para a criação das suas matrizes de
trabalho nos espetáculos realizados pela companhia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O espetáculo
que veio a essa edição do festival Porto Alegre Em Cena, contava a história de
uma família que possuía uma maneira muito peculiar de lidar com a morte e de como
dar essa notícia aos outros membros da família. Em um tom de humor bastante
ácido, a dramaturgia nos conduzia por um terreno absurdo, de uma família
despedaçada e partida ao meio pela tragédia. Porém, finalmente reunida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Logo de
início, o público já é levado às gargalhadas dado o jogo cênico entre os atores
Jorge Cruz, Marta Cerqueira e Tiago Viegas, criando situações engraçadas sem a
necessidade de muitas palavras para que o público se envolvesse na cena
rapidamente. Ao falar de velocidade, não posso deixar de enaltecer o ritmo, <i>time</i> de comédia e sintonia entre o
elenco. Os resultados de contracenação que esses atores conseguem durante a
peça é impressionante, sabendo dosar as nuances de momentos acelerados e mais
calmos da história. Além disso, a confiança e o jogo criado e sustentado pelo
elenco em cena se tornavam muito bonitos de se ver, pois ali ficava bem claro
um dos princípios básicos da confiança de um ator no seu colega durante o
evento teatral: a busca da segurança nos olhos do parceiro em cena.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A relação
corporal entre o elenco era evidente e a maneira como ela conduzia o espetáculo
propiciava aos espectadores um outro tipo de perspectiva de como uma peça de
teatro pode fugir às convenções. Apesar do espetáculo não se propor a
apresentar uma inovação estética, nem muito menos evidenciar a virtuose técnica
dos seus artistas, cito aquela questão na frase anterior, pois o elenco soube
dosar com sutileza todo o seu repertório físico, sem fazê-lo desaparecer em
cena. Aliás, para quem conhece, saltava aos olhos o domínio que os atores
tinham de todas as técnicas referidas anteriormente. Estava tudo ali. Porém,
sem levar o exercício à cena, à mera exibição de técnicas, o teatro físico se
fazia presente, mas estava tão coerentemente posto dentro de um contexto que o
público em geral podia se envolver na história acreditando na veracidade
daquelas personagens, mesmo que em uma situação absurda.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Aos que
estudam alguma das vertentes do teatro físico, esse espetáculo foi uma aula de
como se utilizar todas as ferramentas exaustivamente trabalhadas nas salas de
ensaio e trazê-las para uma atuação realista, em um texto que dialoga com o
teatro do absurdo. Aí reside a grande dificuldade desse trabalho e o louvor que
devemos oferecer ao elenco, pois a dosagem foi precisa. Ressalto ainda as
variações de tensões utilizadas pelos atores, quando manipulados pelos seus
colegas, em alguns momentos se utilizando de um “relaxamento conduzido” e em
outros de uma “rigidez mecânica”, propiciando momentos hilários aos
espectadores na medida em que íamos acompanhando o destino físico das
personagens.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além disso,
não posso deixar de falar em precisão. As marcações físicas dos atores eram
muito precisas e necessitavam que assim o fosse, pois o risco de acidentes em
cena é enorme. Mesmo quando nos parece que os atores não estão alertas, eles
nos surpreendem com uma prontidão imediata. Esse refinamento de trabalho é
muito difícil de ser atingido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Outro aspecto
que gostaria de sublinhar, se refere à técnica vocal dos atores. Cabe aqui
fazer uma reflexão, pois não é a primeira vez que assisto a um espetáculo de
teatro vindo de Portugal e sempre fico impressionado de como os atores
portugueses falam bem em cena. Apesar das diferenças entre a pronúncia
portuguesa e brasileira, sempre observo que os atores portugueses sabem fazer
os seus textos serem bem ouvidos, bem compreendidos e muito bem articulados. Essa
observação sempre me chama atenção ao fato de que os atores brasileiros não dão
a devida atenção à técnica vocal ou se equivocam ao utilizarem preparações
baseadas em empirismos intuitivos de alguns “mestres”. Não é incomum
observarmos um espetáculo de teatro brasileiro onde algumas frases ditas pelos
atores fujam a nossa compreensão, se percam numa dicção e emissão falhas, ou o
que, infelizmente, acontece e muito: os atores falam, sem observar, significar
e compreenderem o porquê suas personagens estão dizendo aquilo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A direção de
John Moiwat, com assistência de Katrina Brown, teve um papel muito importante
ao saber conduzir o potencial técnico dos atores para marcações de cena limpas
e muito precisas. Mesmo com uma temática que, por vezes, adquira um caráter
pesado no espetáculo, a direção soube dosar esses momentos e explorar as
situações nos momentos adequados. Além disso, também foi utilizado um recurso
de explorar cenas no <i>back stage</i>, o
que pode ser um risco, já que a tendência do público é se dispersar. Porém,
quando os acontecimentos se direcionavam para as coxias, o público acabava
ficando curioso sobre o que viria e não chegava a se dispersar, uma vez que
essas cenas não se prolongavam. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Acredito que a
direção poderia ter dado um pouco mais de ênfase na construção interna das
personagens e do estímulo à sentimentalidade entre as relações daquela família.
Apesar de a proposta explorar o humor e o dinamismo físico dos atores imprimir
toda a interlocução cênica, acredito que o diretor poderia ter estimulado os
seus atores um pouco mais para darem o devido peso que algumas situações
exigiam, como por exemplo, o momento em que o filho revive o Natal em família e
seus pais já estão mortos. Mesmo em se tratando de um contexto absurdo e sem
desejarmos cair nas armadilhas da pieguice, senti falta desse refinamento na
busca pelas emoções internas das personagens.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A cenografia
de Kevin Plum nos propunha um ambiente cênico limpo, apenas com os itens mínimos
e funcionais necessários à proposta de jogo cênico. Uma mesa em proporções fora
do comum ficava localizada no centro de cena, sendo utilizada como suporte para
as mais variadas situações. O espetáculo contava ainda com gravação e edição de
áudio de Tiago Cerqueira e iluminação de Luís Moreira e Paulo Cunha. Todos os
elementos cênicos foram utilizados de maneira limpa, propiciando que o foco da
encenação ressaltasse o trabalho físico dos atores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto,
apesar do Chapitô não ser muito conhecido no Brasil, acredito que a vinda desse
grupo ao 19º Porto Alegre Em Cena vem a propor uma aproximação maior entre as
culturas desses dois países ligados historicamente. Além disso, considero ser
de extrema importância a vinda dessa companhia ao nosso estado não apenas pelo
seu valor artístico. Mas, também por podermos observar o trabalho competente de
um coletivo de artistas muito engajados nas causas sociais do seu país. Quiçá,
ano que vem a organização do Porto Alegre em Cena nos brinda com um maior
número de espetáculos em língua portuguesa vindos de outros países! </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-86117596339520919422012-09-10T07:38:00.001-07:002012-09-10T07:38:08.458-07:00Porto Alegre Em Cena e um Público Ávido por Teatro<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em sua décima
nona edição, esse festival internacional de artes cênicas invade a capital e,
mais uma vez, firma o seu sucesso, como um dos eventos culturais mais
importantes do Brasil. De 04 à 24 de setembro de 2012 serão apresentados
diversos espetáculos de dança, teatro, música, oficinas, cursos, palestras, <i>workshops</i>, exposições e etc...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Para quem
puder se deslocar até à capital do nosso estado ou para aqueles que lá estão,
não faltarão opções sobre o que assistir. A edição desse ano traz vários
espetáculos do Uruguay, além de trabalhos vindos da Israel, Argentina,
Portugal, Alemanha e França. Obviamente, esse festival não se faz apenas com
espetáculos estrangeiros, o público ainda tem a possibilidade de assistir
diversos trabalhos oriundos de vários estados brasileiros, nos oferecendo um
panorama diversificado da produção artística que foi selecionada pela curadoria
do Em Cena.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nos dias em
que lá estive, me surpreendi com o tamanho das filas para entrar nos teatros,
além das muitas pessoas que, como eu, se aglomeravam em frente às bilheterias
pra comprar ingressos de última hora. Realmente, conforme a organização do
evento informou no material de divulgação, as bilheterias não abrem na hora dos
espetáculos para a venda de ingressos naquele momento. Apenas as pessoas que já
haviam comprado as entradas pela internet estavam retirando os seus <i>tickets</i>. Porém, como todo grande evento,
sempre são distribuídos muitos ingressos cortesias, algumas pessoas também
acabam comprando em excesso, ocorrem desistências e etc... Nessas situações,
esses lugares costumam ser vendidos ou até mesmo ofertados pelos próprios
espectadores àquelas pessoas que não compraram seus ingressos com antecedência.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nos teatros
por onde circulei e nos postos de vendas de ingressos, observei que o público
queria muito ir ao teatro, mesmo sem conhecer o trabalho que seria apresentado,
o seu desejo se refletia apenas pelo prazer de irem ao teatro. Somente esse
aspecto já nos ilustra o quanto a população gosta de frequentar eventos
culturais e do quanto eles lhes são importantes. Entretanto, não podemos
esquecer que estamos em ano eleitoral e a cultura não costuma entrar nos
discursos dos políticos, nem mesmo ser incluída com ações específicas para
implementar, fomentar e oferecer dignidade de trabalho aos profissionais dessa
área.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A cultura não
oferece emprego apenas para os artistas e profissionais técnicos envolvidos nos
espetáculos, todo o comércio local lucra com os turistas que se deslocam até
esses espaços, além do mercado informal que se forma à volta dos teatros,
proporcionando trabalho e fonte de renda a diversas famílias. Com certeza,
Porto Alegre ganha muito durante o Em Cena, não apenas no aspecto comercial,
mas também na oferta cultural aos seus moradores e visitantes. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Infelizmente,
existem poucas cidades no Brasil onde ocorre uma comunhão de ações como essas
para incentivar a cultura e oferecer tantos espetáculos à população. Alguns poderiam
justificar a ausência desses eventos devido ao alto custo que uma produção
dessas envolve. Entretanto, com trabalho e muita força de vontade se consegue
obter o devido sucesso. Porém, para que isso seja possível, há a necessidade de
vontade política, investimentos da iniciativa privada, abertura e apoio da
mídia, além de mão de obra competente para organizar um festival dessa dimensão.
Também não podemos deixar de destacar que o Porto Alegre Em Cena não iniciou
nas proporções em que hoje está. Um evento desse tamanho necessita uma
construção eficiente e sólida ao longo dos anos. Aqui, nos fica exposto o seu
sucesso consolidado como um dos eventos culturais mais importantes do país.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além disso,
ouvi algumas pessoas reclamando dos valores cobrados pelos ingressos, pois,
segundo elas, estavam muito altos e a grande maioria da população não teria
condições de arcar com esses custos. Sempre que ouço esse tipo de declaração, eu
me pergunto sobre os valores que as pessoas pagam para irem aos estádios de
futebol, festas, baladas, nos gastos que têm com bebidas alcoólicas, cigarros,
alimentação e transporte nesses locais. Porém, não costumamos ouvir as pessoas
dizerem que não vão em tal boate ou estádio de futebol porque os custos totais
dessa ida serão muito altos. As pessoas economizam, juntam dinheiro, ou até
mesmo pagam, sem reclamar. Entretanto, quando falamos em eventos culturais,
esse tipo de argumentação sempre vem à tona, trazendo consigo uma falsa
justificativa de que os eventos culturais são elitistas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A cultura,
nesse caso as artes cênicas em geral, empregam muitos profissionais e esses
trabalhadores necessitam ser remunerados dignamente pelas atividades que
desenvolvem. Quando um espectador está pagando para assistir a um espetáculo,
ele não está entregando o seu dinheiro em vão, ele está contribuindo com o
salário de todas as pessoas envolvidas naquele trabalho que está ali sendo
apresentado e lhe propiciando entretenimento, diversão, reflexão, conhecimento,
cultura e etc...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bom, termino
esse texto por aqui, pois em breve trarei novas “notícias do <i>front</i>” e as minhas percepções sobre os
espetáculos que assisti. Além disso, não posso deixar de terminar esse texto
sem pedir aos leitores que, quando forem votar nesse ano, pensem e reflitam
bem, se o candidato que estão escolhendo lhe representa e se suas propostas não
são meras promessas de campanha para iludir a todos com os chavões antigos de
caça votos fáceis. A minha bandeira é a cultura e assim sempre será, pois
acredito nas contribuições positivas que ela propicia à sociedade como um todo.
Agora, entrego a vocês essas reflexões.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-76938188633906835962012-08-20T09:04:00.006-07:002012-08-24T13:02:11.810-07:00Texto Alemão Trazido ao Palco pela Nova Cena Teatral Gaúcha<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Na medida em
que o tempo passa, além da tecnologia avançar, o modo como nos relacionamos com
o mundo vai acompanhando essas alterações. Além da velocidade de informações a
que somos submetidos diariamente, os valores que lhes atribuímos, geralmente,
acabam sendo direcionados pelas lógicas de mercado, mídia e etc...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um dos
assuntos relacionados a isso, se refere à excessiva importância que as pessoas
dão à aparência física. Obviamente que, aí está impregnada toda uma ideologia
que escraviza os consumidores a sentirem-se inferiorizados por nunca atingirem
um ideal de perfeição estética, tendo, assim, que vir a comprar fórmulas milagrosas,
as quais lhes trarão o tão sonhado sucesso estético.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Problemáticas
como essas podem ser observados no texto do escritor alemão Marius Von
Mayenburg, autor da peça “O Feio”, apresentada dia 17 de agosto de 2012, no
Teatro do COP, pela Ato Cia Cênica, de Porto Alegre/RS. Nesse espetáculo, o
autor questiona os significados da alteridade inserida nas lógicas de mercado
contemporâneo, satirizando a sociedade e refletindo sobre a individualidade
funcionando como obstáculo pra se obter sucesso nos dias de hoje. Nessa trama,
o protagonista recorre a uma cirurgia plástica com o intuito de mudar a sua aparência
totalmente, já que os outros lhe consideravam feio. Após a cirurgia, o
personagem se torna esteticamente belo aos olhos dos outros e essa “fórmula da
beleza” um atrativo de lucro para o cirurgião plástico que passa a produzir “belos”
em série.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O dramaturgo
dessa peça costuma trabalhar juntamente com o encenador Thomas Ostemeier e suas
propostas de diálogo cênico com as mais diferentes expressões artísticas.
Facilmente encontrávamos influências do encenador alemão na concepção cênica da
diretora Mirah Laline. O que foi apresentado no palco do Teatro do COP nos
mostrava um forte trabalho de marcação de cena, com ações muito precisas,
coesas dentro da proposta estética, em um ritmo extremamente acelerado. O fato
do espetáculo ser conduzido em uma cadência veloz não o tornava perdido e
vazio. Muito pelo contrário, mesmo com toda a velocidade de informações, a
diretora conseguiu imprimir algumas nuances de ritmo durante a peça, com isso,
o espectador não conseguia se afastar do que estava sendo contado, nem tampouco
se sentir incomodado com o bombardeio de situações que iam ocorrendo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um espetáculo
muito bem dirigido e concebido, assim podemos definir “O Feio”. Parte desse
mérito também está reservado à sintonia cênica do elenco formado por Danuta
Zaghetto, Marcelo Mertins, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues. Não há o
que se possa pontuar na atuação dos atores, a não ser elogios. O texto da peça
não é fácil de ser dito, são muitas informações, com subtextos que oferecem
várias possibilidades reflexivas. Para que as mensagens consigam atingir aos espectadores
da maneira como se deseja, devem ser passadas num <i>time</i> correto e isso o elenco conseguiu de sobra. Não vou sublinhar
uma ou outra performance dos atores, pois o elenco está nivelado, todos brilham
ao mesmo tempo, sem haver destaques, o que propicia um espetáculo que atinge o
sucesso no todo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O trabalho que
os atores levam à cena não é nada fácil. Aliás, o que vemos é fruto de um árduo
e dedicado preparo físico. Não apenas no vigor e dinamismo corpóreo que o
elenco mostra em cena, mas também a forma como dizem os textos. Apesar do ritmo
ser acelerado, a boa dicção e a compreensão do que está sendo dito favorece o
resultado estético do espetáculo. Da maneira como escrevo, essas ações podem
até parecer simples, mas não o são. Para obtermos um resultado desse nível em
cena, necessitamos de muito preparo, disciplina e, acima de tudo, trabalho. O
elenco composto por atores bastante jovens soube utilizar a sua energia e
disponibilidade para atribuir todos os adjetivos positivos que esse espetáculo
merece.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os figurinos
de Marina Kerber estavam muito de acordo com a proposta estética da peça, além
de contribuírem para a criação de uma identidade visual do espetáculo. Além
disso, a concepção de iluminação de Lucca Simas e Luciana Tondo, esta última
também responsável pela operação de luz, criou um ambiente sombrio, pesado e
taciturno como a problemática do protagonista exigiria. Ademais, a maneira
frenética como a luz dialoga com o ritmo corporal dos atores lhe atribui um
papel essencial na concepção de dramaturgia cênica. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A trilha
sonora pesquisada pela diretora Mirah Laline e operada por Manu Goulart
continha várias músicas de <i>hard rock</i>
alemão muito pertinentes ao espetáculo. Além de outras canções que dialogavam
com o texto e propunham um distanciamento crítico e bem humorado em alguns
momentos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Também não
posso deixar de elogiar a direção e direção de fotografia dos vídeos criados
por João de Queiróz e Maurício Casiraghi, este último também responsável pela
projeção deles durante o espetáculo. A projeção de vídeos vem sendo muito
utilizada em alguns espetáculos contemporâneos, o que pode vir a funcionar como
um colorido a mais na criação cênica. Entretanto, esse recurso deve ser usado
com cautela para não ficar gratuito, ou apenas reforçando o que se está fazendo
ao vivo, ele deve dialogar dinamicamente com a cena, senão perde o sentido. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Porém, a
maneira como foi utilizado no espetáculo “O Feio”, estava muito adequada, foi
um acerto da direção. Além do fato dos vídeos terem sido muito bem produzidos,
eles ofereciam ao espectador um diálogo com o universo interno do protagonista.
Não posso deixar de destacar o momento em que o personagem sente a vontade de
pular do prédio. A sincronicidade entre o ator e o vídeo foi ótima, um profundo
diálogo entre cinema e teatro, dando um aspecto de grande realidade, chamando
muito a atenção do público que não deixou de se manifestar positivamente
durante essa cena.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto,
considero que o espetáculo “O Feio” foi um grande presente ao público pelotense
não apenas pela sua apreciação estética, mas também por vermos artistas tão
jovens já despontando em um trabalho muito bem realizado. Além disso, não posso
deixar de render louvores à iniciativa do SESC em oferecer ao público um
panorama da produção cênica universitária do Rio Grande do Sul.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-30737814393480175152012-08-19T13:41:00.005-07:002012-09-11T15:43:13.348-07:00Transbordando Energia: A Sublime Presença Cênica de Carlos Simioni<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O ato de
conquistar a plateia, agarrar o espectador usando a sua sensibilidade, gerar
identificação/estranheza, emocionar e encantar quem lhe assiste, é uma das
tarefas mais difíceis para um ator. Muitas vezes, de maneira figurativa, as
pessoas costumam dizer que o evento teatral é um momento mágico, onde os
espectadores embarcam no universo imaginário criado pelos artistas da cena e
vivenciam aquelas experiências como suas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sinestesia.
Não tem outra palavra que possa me vir à cabeça, quando lembro de encontros no
teatro onde transcendemos os sentidos, vamos para além da materialidade e nos
entregamos às sensações. As propostas teatrais nem sempre precisam ter esse
foco, uma vez que existem diversas abordagens estéticas e objetivos
diferenciados em espetáculos de teatro. Acredito que todas as formas são
justas, desde que coerentes. Nem todo evento precisa ser única e exclusivamente
de cunho estético. Afinal de contas, teatro também pode ser apenas
entretenimento. O importante é que o público vá ao teatro! Com o tempo,
ampliando o seu repertório, os espectadores já conseguem dispor de uma
percepção crítica abrangente, capaz de lhes propiciar criticidade e sagacidade
capazes de lhes conferirem um olhar diferenciado sobre o que está sendo
produzido e o que eles desejam assistir naquele momento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Perfaço essa
introdução, pois o texto a seguir estará relacionado a um tipo de trabalho
muito específico em teatro, muito raro e extremamente necessário nos dias de
hoje para que não deixemos a luz das grandes artes serem apagadas por uma
massificação de produtos enlatados gerados pelos interesses sócio, políticos e
econômicos de alguns setores da sociedade que utilizam o entretenimento como
ferramenta de domínio e manutenção da opinião pública. Graças a alguns poucos
grupos resistentes, essa chama da essência do teatro nunca se apagará! Não é
fácil para qualquer grupo de teatro poder se dedicar à pesquisa da arte
teatral, nem tão pouco se entregar às exigências do mercado comercial do
entretenimento. Para isso, há que se contar com uma enorme estrutura que lhes
dê suporte e condições dignas de trabalho, além de, obviamente, um talento fora
do comum para todos os envolvidos no processo. Somente assim, com muito
esforço, entrega, dedicação, disciplina, coragem, vocação, talento e trabalho
se consegue obter o resultado de trabalhos que marcam a história do teatro
mundial.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Essa
referência introdutória está direcionada ao trabalho do Grupo LUME
Teatro/Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais, da Universidade de
Campinas/SP. Não é de hoje que o trabalho de todos os componentes desse grupo é
reconhecido em diversas partes do mundo, não apenas pelos seus espetáculos e
demonstrações técnicas, mas por todas as suas propostas de pesquisa, reflexões
teóricas e sistematizações de metodologias de trabalho para atores. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O cerne do
trabalho do LUME está no ator, se baseando em diversas fontes históricas,
teóricas e práticas da arte teatral, permeadas pelas suas experiências,
experimentações e descobertas, esse grupo conseguiu imprimir uma identidade
específica ao seu trabalho. O reconhecimento internacional não se deu apenas
pela articulação teórica de suas propostas, mas também pelo fato dos
espectadores poderem perceber, constatar e sentir esses resultados em cena.
Fugindo do que muitos teóricos fazem ao proporem apenas divagações sobre uma
prática que não condiz com a sua teoria, o LUME se diferencia ao conseguir
expor em cena toda a sua arte em extrema consonância com as suas discussões
metodológicas para o preparo de atores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Entretanto, o
espectador não necessita dispor de uma série de referenciais específicos do
fazer teatral quando vai assistir a um espetáculo, ele precisa ser tocado de
alguma forma. As especificidades técnicas são conhecimentos restritos aos
profissionais daquela área, o público vai ao teatro para viver uma experiência
diferenciada do seu dia a dia, se emocionar, divertir e, se possível, refletir.
Nesse sentido, o LUME consegue se destacar, uma vez que, mesmo sem conhecerem a
metodologia de trabalho do elenco, os espectadores conseguem sair dos
espetáculos desse grupo sensibilizados de alguma forma.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Todavia, não
escrevi todos os parágrafos anteriores apenas para falar do grupo como um todo.
Senti a necessidade de fazer uma contextualização, já que comentaria sobre um
trabalho específico de um dos atores do LUME: Carlos Simioni. Há mais de 15
anos conheço o LUME, o que já me possibilita uma intimidade ao comentar sobre o
trabalho desses artistas tão singulares e belos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Durante a
primeira semana de maio desse ano, Carlos Simioni esteve em Pelotas para
ministrar um curso intitulado “Da Energia à Ação”, que trata da aplicação de
algumas das técnicas desenvolvidas pelo grupo LUME ao longo das suas décadas de
pesquisas teatrais. Além disso, no dia 12 de maio, Simioni apresentou, no
espaço do Tablado, da Faculdade de Teatro, da Universidade Federal de Pelotas,
o trabalho intitulado “Prisão Para a Liberdade”. Essa demonstração técnica
aborda a trajetória das pesquisas da arte do ator, iniciada por ele, juntamente
com os outros dois fundadores do LUME: Ricardo Puccetti e Luis Otávio Burnier (<i>in memorian</i>) e aperfeiçoada ao longo dos
anos com os outros atores do grupo. Além disso, Simioni expõe alguns dos
resultados de seus treinamentos e técnicas de expansão e dilatação do corpo no
tempo e no espaço.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Uma das
grandes buscas dos atores no palco, é pela chamada presença cênica, uma
capacidade de gerar conexão, empatia e prender a atenção do espectador durante
a peça de teatro. Logo de início, o carisma de Carlos Simioni conquista a
todos. Porém, apenas essa qualidade não lhe garantiria todos os predicados que
dispõe. Simioni é um virtuoso! Um virtuoso da cena! Um artista que conseguiu,
por meio de muito trabalho e comprometimento, uma capacidade de atingir ao
espectador de uma maneira impressionante.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os
privilegiados que foram assistir à demonstração técnica, numa manhã de sábado,
saíram de lá impactados. Com certeza, foi uma experiência sinestésica muito
forte, tocante, capaz de nos transportar para outro universo de sensações. A
virtuose cênica de Simioni de nada serviria se fossem apenas aplicações de
técnicas muito bem executadas. No entanto, ele consegue transcender tudo isso e
gerar uma empatia com o espectador que dificilmente observamos com outros
atores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A energia de
Simioni contagia a todos, nos toca, emociona e envolve. Em um determinado
momento, me dei conta de que todos estávamos vidrados na sua presença,
totalmente entregues à situação. Quando falamos em energia, sempre temos a
noção de que é algo invisível ou imaterial. Contudo, nesse dia, a experiência
nos levou a outro patamar sensorial, podíamos sentir a energia de Simioni,
sermos envolvidos por ela e, claro, sermos totalmente conduzidos por ele àquele
universo cênico. Conseguíamos sentir a energia dele nos tocando, sentir o que
ele estava sentindo e nos deixar levar pelo prazer de uma experiência singular
e rara nos dias de hoje: a comunhão com a arte.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um grande artista. Assim pode ser definido
Carlos Simioni, um atleta afetivo, um virtuoso da cena, um ser humano especial,
capaz de, com sua generosidade, doar suas emoções aos espectadores com uma
grande intensidade. Mas, não apenas isso. Ele não se conforma com isso. Por
esse motivo, passa à diante suas técnicas e orientações de trabalho para que
outros atores possam vivenciar em cena experiências únicas e belas!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto,
considero que os espectadores saíram de “Prisão Para a Liberdade” muito tocados
e felizes por terem tido a oportunidade de chegar tão perto de um artista raro nos dias de hoje. Após esse contato, surgiu a reflexão de que Pelotas está
precisando do LUME! Esse grupo que já veio diversas vezes à cidade, precisa
voltar, trazer seus trabalhos, demonstrações técnicas e cursos não apenas para os
artistas locais, mas para todo o público em geral. Deixo aqui o meu pedido aos
governantes e às instituições comprometidas com a cultura para que tragam os
trabalhos do Grupo LUME a Pelotas
novamente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-56750275440610839002012-08-19T13:36:00.002-07:002012-08-19T13:37:01.469-07:00Ensaio Sobre a Repetição<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em uma
perspectiva de mundo contemporâneo, repleto de informações múltiplas e
simultâneas, muitas vezes o ser humano se vê perdido nesse meio, ou passa a
somatizar esses problemas, revertendo-os em transtornos psicofísicos. A rotina
sem questionamentos e criticidade pode levar as pessoas a uma automatização do
seu dia a dia. Entretanto, havendo a percepção da repetibilidade factual
diária, o indivíduo necessita de força, disposição, coragem e boa vontade para
mudar os acontecimentos de sua vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Situações relacionadas
a essas temáticas foram expostas no espetáculo “Ensaio Sobre a Repetição”,
apresentado no dia 17 de julho de 2012, na Bibliotheca Pública Pelotense, pelo
Grupo Barraquatro, de Porto Alegre/RS. Com direção de Júlia Rodrigues, trilha
sonora executada ao vivo por Rodrigo Pereira, Tomás Dornelles Piccinini, Ettore
Sanfelice e, no elenco, Sofia Vilasboas e Carolina Pommer, a peça conta com uma
dramaturgia elaborada a partir de improvisações relacionadas a histórias
pessoais das atrizes e fragmentos de textos de Fernando Pessoa, Sarah Kane e
Gabriel Garcia Marquez.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A peça reflete
sobre padrões de aprendizado, comportamento, suas reprodutibilidades, hábitos
cotidianos e relações sociais. A maneira como o texto é conduzido nos leva a
ponderar sobre qual a singularidade ou autoria dos nossos atos em sociedade.
Seriam eles originais ou meras repetições? Muito embora se possa fazer esse
tipo de leitura sobre a proposta do grupo, ela não fica evidentemente ilustrada
no espetáculo, já que, por vezes, a dramaturgia fragmentada em demasia, pode
desviar a atenção do espectador para o excesso de ações cênicas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O fato de a
direção ter optado por uma repetição de partituras de ações que se prolongam
durante o espetáculo, utilizando garrafas como elementos que constroem o espaço
cênico, foi um bom achado. Essa peculiaridade, trazia à tona um caráter
neurastênico às personagens e não muito distante de alguns comportamentos
sociais comumente observados nos dias de hoje. Além de oferecer uma perspectiva
estética diferenciada, as garrafas ajudam a compor a “colcha de retalhos” que
compõe o espetáculo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A trilha
sonora executada ao vivo se mostrou como um fator agregador positivo ao
resultado do trabalho. Os músicos intervinham nos momentos corretos, totalmente
concentrados no que estava sendo contado em cena. Além disso, a trilha
favoreceu muito a comunicação entre a proposta estética, trabalho corporal das
atrizes e sua relação com os espectadores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As duas
atrizes, apesar de bem jovens, conseguiam segurar a história, imprimindo-lhe ritmo,
empatia e diálogo com os espectadores. Fica bem claro que o grupo realiza um
trabalho com embasamento em alguma das vertentes do teatro físico, uma vez que,
se as atrizes não dispusessem dessa formação, não conseguiriam imprimir o vigor
técnico que levam para a cena. O frescor da juventude e da imaturidade cênica conseguem
funcionar com combustível para mostrar aos espectadores a felicidade, força,
garra e vontade que todos aqueles jovens artistas estão tendo em levar essa
história até o contato com o público. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Porém, faltou profundidade na abordagem das temáticas
apresentadas pela maneira como a dramaturgia estava disposta. Essa qualidade
não é uma característica que os bancos acadêmicos, livros e cursos nos trazem por
si só. Eles nos servem como repertório, mas a maturidade cênica e de vida, como
um todo, nos propiciam outras percepções e significados sobre cada palavra que
estamos dizendo no palco e isso transparece ao espectador com muita
intensidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto,
gostaria de deixar como último registro a felicidade de assistir a esse
espetáculo em um espaço tão belo, como a Bibliotheca Pública Pelotense. Além de
estarmos inseridos num espaço histórico, o local oferece plenas condições para
que espetáculos de teatro, dança, música e performance possam ser ali
apresentados. Ademais, também acredito que esse possa ser um meio para fazer
com que o público pelotense volte a frequentar a sua biblioteca pública, não
apenas como um espaço de leitura e pesquisa, mas como um centro cultural capaz
de abrigar as mais diferentes formas de expressão artística.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm; text-align: left;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm; text-align: left;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-12667333435367168162012-08-18T12:02:00.002-07:002012-08-18T12:08:14.647-07:00Teatro Canadense por Brasileiros<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mesmo
com o Brasil tendo uma enorme quantidade de excelentes obras dramatúrgicas, a
montagem de peças de autores estrangeiros além de trazer um novo colorido à
cena teatral, amplia o repertório literário dos espectadores para além de suas
fronteiras. Recentemente, uma série de espetáculos tem trazido textos
canadenses aos palcos brasileiros, possibilitando um contato mais próximo com
as temáticas abordadas no cenário da América do Norte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nesse
contexto, no dia 26 de junho de 2012, Pelotas recebeu, no Theatro Guarany, a peça “A Primeira Vista”, do autor canadense
<span style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">Daniel MacIvor</span>. Sob direção
de Enrique Diaz, Drica Moraes e Mariana Lima vivem as personagens de uma trama
conduzida pela busca de identidade e definições sobre o que o futuro lhes
reserva. Com momentos divertidos e comoventes, a peça conta a história dessas
amigas que vão dividindo os seus pontos de vista com a plateia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Podemos dizer que um dos valores positivos
desse texto se refere à estrutura narrativa, pois ela vai expondo as situações
aos poucos, como que traçando um panorama geral da vida dessas mulheres. Paulatinamente,
alguns diálogos são entrecortados com <i>a
partes</i> com a plateia, construindo um elo de intimidade com os espectadores
para além da simpatia pelas atrizes, mas criando uma cumplicidade com a
situação que está sendo exposta. Dentre as muitas temáticas abordadas, gostaria
de destacar a busca pela identidade dessas mulheres naquele contexto de mundo
em que estão inseridas, discussão muito pertinente nos dias de hoje e comumente
levada aos palcos dos grandes centros urbanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas, ressalto uma peculiaridade do texto: o
autor vai expondo as personagens aos poucos, gerando uma identificação dos espectadores com elas, fazendo-os aceitar e a respeitarem-nas em essência, quando
ele traz à tona a temática da dúvida sobre a sexualidade. Nesse momento, de
maneira muito delicada, ele trata a homossexualidade ou bissexualidade das
personagens de maneira justa, sem estereótipos, superficialidades e, acima de
tudo, com respeito. Fiquei muito abismado com o fato da hipocrisia e do falso
moralismo ainda se manterem tão arraigados na “sociedade” pelotense, pois,
quando as personagens começam a desvelar a sua identidade sexual, não foram
poucas as reações da plateia em desagrado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Talvez, o maior desconforto se deva ao fato de
que, como as personagens foram tão bem apresentadas ao longo da peça,
construindo uma cumplicidade com a plateia, no momento em que a sexualidade entra
em voga, os espectadores tão acostumados a tratarem a homossexualidade com o
desdém dos programas televisivos de “humor” ou de alguns <i>stand up comedies</i> de gosto duvidável, não conseguissem expor
publicamente a sua conduta de intolerância, pois, ali, não havia suporte que a
justificasse. Podemos supor que o desconforto possa advir dessa situação, onde
não há a segurança do fazer deboche em cima de uma condição humana que
justifique o riso, nem tão pouco por tratá-la como algo fora do comum. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao se deparar com essa situação tratada com
tanta sutileza e respeito, esses espectadores não sabem que postura adotar em
meio à “sociedade” que ali está presente assistindo ao espetáculo. Destaquei
essa situação específica com o intuito de ressaltar o valor e a necessidade que
o teatro desempenha na construção de uma sociedade mais crítica e respeitável
frente a todas as diversidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A direção de Enrique Diaz é limpa. Apesar da
concepção de encenação colocar as personagens dentro de um grande cenário,
acredito que a opção tenha sido para deixar aquele local como figuração de
qualquer contexto espacial, regional ou social. Entretanto, apesar de possuir
muitos desenhos e rabiscos, o cenário nos passa a ideia de vidas que estão
sendo escritas, porém que não partem de um passado inexistente, os registros
estão sempre ali, colaborando para a formação daqueles sujeitos. Mesmo com esse
cenário, o diretor consegue dar o devido destaque que as atrizes necessitam
para estabelecerem a relação de suas personagens com a plateia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Obviamente, por se tratar de um texto
canadense, a maneira como a história é contada difere do que costumamos ver na
dramaturgia brasileira. A narrativa se sobressai de maneira “cerebral” em
alguns momentos, dando vazão a um grande volume de textos, com textos de
conteúdo profundo e reflexivo, porém não expostos de forma direta e simplista. Esse
fato obriga o espectador e estar atento ao conteúdo das falas indo além de uma
leitura superficial dos fatos. Talvez, essa peculiaridade tenha gerado uma
impressão de que o espetáculo tinha um ritmo muito lento para os espectadores.
Eu discordo desse ponto de vista, apenas considero que o público brasileiro
costuma estar mais acostumado com espetáculos que exploram ritmos mais
acelerados, grandes movimentações cênicas e informações passadas de maneira
mais direta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Claro, não posso deixar de comentar o trabalho
de Drica Moraes e Mariana Lima. Duas atrizes que são conhecidas do público de
massa por meio das telenovelas, no entanto vêem de uma longa e consolidada
trajetória no teatro brasileiro. O talento de ambas as atrizes permite que elas
consigam prender a atenção dos espectadores, trazendo-os para dentro daquele
universo vivido pelas personagens com uma categoria que dificilmente seria
alcançada por outro elenco. Muito embora alguns cacoetes e expressões faciais
viciadas das telenovelas tenham me incomodado em alguns momentos, a maneira
como as atrizes compreendem a profundidade de cada personagem, nos faz olhar
para além da forma. Muito delicada, sensível e leve, assim pode ser definida a
atuação das atrizes nesse espetáculo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Portanto, considero que a presença desse
espetáculo nos palcos dessa cidade tenha sido de grande valor para propiciar
aos nossos espectadores algumas reflexões diferenciadas sobre as perspectivas
que temos da vida como um todo. Além disso, continuo lamentando que Pelotas não
disponha de um teatro público, onde os ingressos possam ser mais baratos,
permitindo à população um acesso mais facilitado à produção teatral
contemporânea.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-2918407379972209142012-08-13T07:53:00.006-07:002012-08-13T07:53:41.842-07:00Contando Histórias no Teatro Musical Infantil<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao
primeiro olhar, trabalhar para crianças pode parecer fácil. No entanto, o
público infantil é dos mais difíceis de conquistar. Por esse motivo, peças de
teatro direcionadas a esses espectadores necessitam de um cuidado redobrado,
ainda mais quando se propõe a ser um musical.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O
texto a seguir tratará do espetáculo “A Sopa de Pedra”, sob autoria de Tatiana
Belinky, trazido Pelotas, no dia 31 de
março de 2012, pelo Grupo Luz e Ribalta, da Cooperativa Paulista de Teatro. O
elenco é formado por Luiz Amorim, Níveo Diegues, Theodora Ribeiro, Renato Comi
e Erick Chica que tratam de dar vida aos personagens da história cantando e
executando músicas a vivo. O espetáculo conta a história de dois amigos
músicos, cansados e famintos que encontram no meio do caminho, a casa de uma
senhora idosa e avarenta. Logo de cara, os dois artistas tentam ludibriar essa
senhora para que eles possam ficar ali, enquanto descansam e ela os alimenta.
Obviamente, a idosa não se deixa enganar e acaba aplicando várias peças nos
dois mambembes, em uma trama recheada de situações engraçadíssimas, permeadas
por uma trilha sonora encantadora.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Competência,
essa é a palavra que melhor defino o trabalho desse grupo. Realmente, vemos um
espetáculo coeso que foge dos estereótipos infantis e propõe uma maneira de
contar essa história que traz o público pra dentro da cena. Essa é uma tarefa
bastante complicada, uma vez que, em se tratando de crianças, a sinceridade na
resposta é franca e direta. O que pudemos observar, foram crianças felizes e
extremamente atentas ao que lhes estava sendo apresentado. Claro que esse
resultado só foi possível, pois os atores além de terem um carisma imenso,
souberam como envolver o público presente. Esse tipo de identificação e conexão
entre artista e espectador costuma ocorrer quando há verdade naquilo que está
sendo representado. O termo que utilizo aqui se refere à verossimilhança das
personagens em cena. Nesse caso, a reverência deve ser feita ao trabalho
competente de todos que compõem o Grupo Luz e Ribalta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Além
de interpretarem os personagens da peça, os atores também cantam ao vivo, enquanto
se dividem na execução instrumental das músicas. Particularmente, aprecio muito
quando podemos ver o trabalho dos músicos desvelado em espetáculos teatrais com
a trilha sendo apresentada ao longo da peça. Esse tipo de peculiaridade,
poderia distanciar e quebrar com a impressão de fantasia e universo imaginário
que as crianças desenvolvem ao assistirem a uma peça de teatro. Entretanto,
quando bem feito, o efeito é inverso. O público infantil sabe muito bem ler
todas as informações e signos que lhes são expostos e, no caso dessa peça, a
música ao vivo serviu como um catalisador da boa recepção teatral.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bom,
quando falo nas músicas, não posso deixar de citar que os arranjos foram muito
bem compostos e, também, obtiveram o mesmo sucesso quando foram cantados. A diversidade
de situações que acontecem nos bastidores de um espetáculo e o contato dos
atores com o público, poderia levá-los às armadilhas da desafinação ou a
semitonar as entradas de algumas músicas. Todavia, isso não foi observado.
Gosto de salientar esse tipo de situação, pois acredito que, para cantar numa
peça de teatro, não basta apenas ao ator querer ou ser “afinadinho”, ele tem
que ter técnica para tanto e saber que, mesmo um ouvido não musicalisado, tem
condições de perceber quando uma música é mal cantada. No caso de “A Sopa de
Pedra”, o elenco está de parabéns pela sua performance musical.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
única ressalva que eu faria nesse espetáculo, se refere aos figurinos e cenário
de Carlos Colabone que me pareceram um tanto quanto pesados. Quando falo em
peso, estou fazendo referência à paleta de cores utilizadas no todo da
composição do visagismo cênico. Acredito que os tons terrosos imprimiam uma
percepção monocromática do universo daquelas personagens. Porém, essa é apenas uma
sensação particular minha, uma vez que não posso negar que havia uma extrema
coerência na proposta de ambientação cênica. Além disso, também acredito que
não precisamos transformar figurinos de peças infantis em fantasias coloridas
de escolas de samba, pois isso seria subestimar a percepção estética das
crianças. Ademais, concordo que, na medida em que o figurino assumiu um papel
discreto dentro do espetáculo, o trabalho dos atores se sobressaiu e colaborou
para dar veracidade ao todo da concepção cênica. Volto a salientar que os
figurinos eram funcionais, lindos e imprimiam identidade aos personagens,
apenas pesaram um pouco aos meus olhos. Contudo, não podemos negar de que se
trata de um trabalho muito competente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Portanto,
aqueles que tiveram o prazer de assistir a esse espetáculo numa tarde de
sábado, saíram do Teatro do COP encantados com uma ótima apresentação de teatro
infantil. Além disso, considero de extrema importância que os pais levem os
seus filhos ao teatro, não apenas para terem um contato direto com um
espetáculo, mas também por estarem contribuindo na formação de um indivíduo
mais crítico e com um repertório estético de mundo diferenciado dos demais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-65585403951698945832012-08-12T19:31:00.005-07:002012-08-12T19:31:32.125-07:00Verossimilhança Uma Palavra que Parece Esquecida nos Teatros<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O título que
dei a esse texto não foi ao acaso, nem gratuito. Após assistir, no dia 11 de
agosto de 2012, ao espetáculo “Boneca Teresa”, apresentado pelo grupo porto
alegrense Teatro Imaginado, no Teatro do COP, saí pensando que os atores contemporâneos
estão precisando voltar a prestar mais atenção no significado da palavra verossimilhança.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Embora algumas
estéticas teatrais se proponham a trabalhar com personagens e situações
irreais, mesmo assim, quando os atores atuam nesses espetáculos, devem passar a
verdade de seus personagens, ou o que chamamos de verdade cênica. Entretanto, quando a estética é realista, ou
até mesmo naturalista, o ator não pode pecar na interpretação que permita ao
seu personagem a identificação como um ser humano que transpareça irrealidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Com concepção,
direção e atuação de Jordana de Moraes e Larissa Gonzales, o espetáculo baseado
na obra de Carlos Carvalho pecou na verossimilhança da interpretação das
atrizes. Apesar delas se esforçarem em imprimir a construção de personagem
tentando caracterizá-las corporalmente, saltava aos nossos olhos um excesso de
tensão muscular e apelo para alguns clichês interpretativos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O espetáculo
conta a história de duas mulheres que se encontram trancadas num apartamento
onde um homem havia as levado para fazer um programa. As cenas eram entre
cortadas pelos diálogos das personagens prestando depoimento em uma delegacia
sobre o que realmente estavam fazendo naquele local. Evidentemente, há um
confronto e desvelamento de hipocrisias e falsos moralismos, à medida que a
personagem que se diz puritana vai revelando que sua situação não é muito
diferente da prostituta. Esse tipo de circunstância costuma ser uma armadilha
em algumas peças de teatro, pois cair em clichês é muito fácil e simplista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A atriz que
fazia a personagem puritana exagerou na tentativa de mostrar uma pretensa
seriedade, ao passo que, nós espectadores, ficávamos com a impressão de que
mais parecia a caricatura de uma personagem de telenovela, do que de uma
realidade teatral. Além disso, a outra atriz, que interpretava a prostituta,
exagerou na tensão da musculatura da região escapular, na tentativa de imprimir
uma corporeidade peculiar à personagem. Apesar
disso, ficava claro que a atriz estava empenhada em investigar como seria a
personificação corporal de uma profissional do sexo. No entanto, acredito que
faltou um laboratório com maior afinco à construção dessa personagem e, após
esse período, uma dedicação maior ao exercício e à experimentação cênica, antes
de levar a personagem ao palco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O universo
naturalista costuma abordar uma intensificação da realidade, em um ambiente que
desvela a hipocrisia da sociedade, questionando seus valores morais, por meio
de personagens que são frutos do meio em que convivem. Esse fato pode
contribuir para uma falsa impressão de que interpretar uma personagem tão real
seja fácil aos atores. Porém, a facilidade pode funcionar mais como uma
armadilha, do que como sucesso de atuação. Para dar a extrema realidade que o
papel exige, o ator não deve buscar saídas estereotipadas de caracterização
corporal, muito menos uma elocução teatralizada demais. Sendo assim, o ator
deverá, não apenas compreender o universo que as personagens estão inseridas,
mas também saber o porquê cada uma daquelas palavras está sendo dita naquele
momento da peça. Mas, além disso, deve construir os subtextos de cada fala,
trazer para o seu corpo essas informações de maneira limpa, coerente e sem
exageros.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Esses são
apenas alguns aspectos que o ator deve preparar antes de levar o seu trabalho
para apreciação do público. Quando há uma falha em algum desses processos,
todas as fragilidades ficam expostas e chamam atenção dos espectadores. Nesse
sentido, a grande perda do espetáculo se reflete na verdade cênica, gerando um
afastamento do envolvimento do público com a problemática vivida pelas
personagens. Desse modo, o que poderia vir a comover o espectador, acaba não
surtindo nenhum efeito.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Apesar de ter
feito muitas críticas ao trabalho das atrizes, não questiono a competência
profissional delas. Mesmo com o problema de concepção na criação das
personagens que citei anteriormente, as atrizes seguram o espetáculo e não
deixam em nenhum momento a impressão de que elas não tenham talento para o ofício
cênico. Como o espetáculo conta com a direção das duas atrizes, acredito que
lhes faltou um olhar de fora, distanciado do seu processo criativo para lhes
orientar e ajudá-las a fugir de algumas armadilhas cênicas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Portanto, para
finalizar esse texto, gostaria de reforçar o conselho aos atores para dedicarem
uma atenção maior à verossimilhança de sua personagem. Apesar da diversidade de
propostas estéticas teatrais e dos hibridismos cênicos contemporâneos, o ator
não pode se perder no meio dessa profusão de informações e construir uma
personagem inverossímil. O espectador quer e necessita acreditar naquilo que
lhe está sendo contado para que ele possa mergulhar no universo imaginário do
espetáculo teatral. Para que isso ocorra, há a necessidade de um árduo, atento
e dedicado trabalho por parte dos profissionais das artes cênicas. Talvez, as
reflexões aqui deixadas ilustrem ao leitor o quão difícil é o trabalho de um
ator e o quanto devemos valorizar o empenho e dedicação desses profissionais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-46168051834850861242012-08-07T09:28:00.003-07:002012-08-07T09:28:16.450-07:00O Vôo de um Corpo que Dança<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No dia 06 de março de 2012, quem
se dirigiu ao Teatro do COP, teve o privilégio de assistir a um espetáculo de
dança contemporânea com a força e o profissionalismo de grandes artistas em
cena. O evento do qual comento, se refere à apresentação de “Voar é Com os
Pássaros”, da Mímese Cia de Dança, com direção geral de Luciana Paludo que também
integra o elenco ao lado do músico Ettore Sanfelice, o qual executa a trilha
sonora ao vivo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
concepção coreográfica do espetáculo fica a cargo da grande encenadora Eva
Schul e de Luciana Paludo, com desenho de luz de Ricardo Lima e figurinos de
Laura Bauerman. A primeira parte do espetáculo, “Voar é Com os Pássaros”, teve
concepção de Eva Schul e traz à tona as relações entre música e dança, tendo
como mote a existência de um ser da natureza aprisionado em um corpo urbano
que, atrofiado, tenta alçar vôo, limitado por sua própria condição humana. Já a
segunda parte do espetáculo, chamada de “Prelúdio que Veio Depois”, teve
concepção de Luciana Paludo e traz à cena a sensação de liberdade experimentada
na natureza, com o corpo humano urbano. Os movimentos dessa coreografia
surgiram após experimentações e improvisações realizadas pela bailarina ao ar
livre e aqui trazidas com o intuito de sinalizar a continuidade dos ciclos e
questionar as polaridades entre vida/morte, liberdade/confinamento e etc...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Iniciarei
comentando sobre a iluminação que, neste dia, teve a operação de Daniel
Furtado. O desenho de iluminação concebeu um ambiente nada realista que além de
sublinhar os movimentos da bailarina, lhe imprimia sombras e texturas que
ajudavam os espectadores a expandirem a sua percepção para além dos limites
corpóreos de Luciana, conseguindo mergulhar no universo daquela criatura que
desejava voar. Não posso deixar de citar um trabalho que costuma ser pouco lembrado,
mas que é de extrema importância em qualquer espetáculo: a operação de luz.
Nesse dia, o iluminador cumpriu um papel fundamental e demonstrou a sua grande
sensibilidade ao colaborar com as coreografias e as passagens de iluminação de
maneira muito sensível e integrada ao que transcorria em cena. Esse tipo de
percepção colabora muito para a criação da atmosfera cênica, uma vez que o
espectador vai sendo convidado a embarcar no imaginário daquele espetáculo, sem
ser surpreendido por bruscas trocas de luz, quando não é essa a proposta. Além
disso, também gostaria de congratular Ricardo Lima pelo seu desenho de
iluminação inteligente e a paleta de cores utilizada que souberam aproveitar ao
máximo a performance da bailarina.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bom, falar do
trabalho de Eva Schul é muito fácil, já que se trata de uma das grandes
coreógrafas desse país. Nos seus trabalhos, Eva costuma trazer bailarinos que
além de terem um apuro técnico excelente, desenvolvem uma expressividade cênica
que foge aos padrões óbvios. No entanto, seus trabalhos sempre proporcionam
momentos de puro lirismo a quem os assiste. No caso de “Voar é Com os Pássaros”,
não foi diferente. Além de ter em mãos uma bailarina com um corpo extremamente
expressivo e dotada de uma técnica elogiável, Eva conseguiu extrair toda a
sensibilidade que seria necessária para compor a leveza desse ser que deseja
voar, porém está aprisionado em um corpo encarnado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além disso,
considero outro aspecto como um ganho ao espetáculo: a trilha sonora sendo
executada ao vivo. Nesse caso, não foi apenas a presença de um músico no palco
que coloriu a cena, pois muitos espetáculos costumam ter músicos executando a
trilha ao vivo, sem conseguirem ter o impacto que Ettore Sanfelice fornece às
coreografias. Aqui, o músico deixa de apenas executar os acordes musicais para
estar totalmente entregue e disponível ao que está acontecendo em cena. Há uma
simbiose total entre o trabalho do músico e da bailarina, o seu foco de atenção
está no desempenho corpóreo que ela executa ao longo da coreografia. Mas, Ettore consegue ir além e propor um diálogo
vivo e dinâmico entre corpo e música. Também não posso deixar de referenciar
que não se trata apenas de um músico, mas de um profissional das artes cênicas,
pois além de tocar as músicas, Ettore também entra em cena em alguns momentos,
contracenando com a bailarina. A intimidade cênica entre ambos os <i>performers</i> é elogiável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No que se
refere ao trabalho de Luciana Paludo, infelizmente, não poderei dissertar em
muitos parágrafos, para não tornar a leitura desse comentário muito extensa.
Contudo, falar sobre a performance de uma bailarina dotada de um corpo
extremamente expressivo se torna até fácil. Nesse sentido, o que vemos em cena
é um corpo que se expande, transborda, desliza para além dos seus contornos,
trazendo não apenas movimentos muito precisos e tecnicamente limpos, mas uma
carga emotiva intensamente leve e suave. O trabalho de Luciana tanto na
primeira parte do espetáculo, quanto na segunda, chama os espectadores para
dentro de uma estética nada realista, na qual um corpo ao se mover, leva junto
todos os espectadores, como se fossem suas asas auxiliares nesse vôo lírico. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Por vezes, as
linguagens da dança contemporânea e do teatro físico costumam se borrar,
transgredir limites, propor diálogos entre os teóricos específicos de cada
área. Nos dias de hoje, em que vivemos numa sociedade bombardeada de
informações simultâneas, pensar nesses hibridismos se torna até usual. Faço
essa referência também para relacionar ao trabalho de Luciana Paludo que, com
sua virtuose cênica consegue compor um espetáculo para além dos limites de
determinadas linguagens cênicas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Apesar do
intenso calor que fazia no interior do Teatro do COP, uma vez que essa casa de
espetáculos não contem um sistema de climatização que comporte uma lotação
esgotada em dias quentes, tenho certeza de que os espectadores só se deram
conta do desconforto climático, quando aterrizaram após o vôo comandado por
Luciana Paludo. Sendo assim, considero que o público pelotense precisa cada vez
mais de espetáculos com essa qualidade artística para o desenvolvimento do seu
repertório estético.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-47700065210751327292012-08-06T18:52:00.006-07:002012-08-06T18:52:44.951-07:00Teatro Musical nos Acordes Eruditos<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dois meses
depois de assistir a uma ópera, o público pelotense teve a oportunidade de
assistir a outro espetáculo do gênero na noite de 12 de janeiro de 2012, no
Theatro Guarany. Dessa vez, a ópera trazida ao palco foi “Rita”, de Gaetano
Donizetti, pela Orquestra Unisinos, sob regência de Evandro Matté,
protagonizada por Carla Domingues, Flávio Leite e Homero Velho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A ópera cômica
contou ainda com a direção do grande ator, encenador, dramaturgo e teatrólogo
gaúcho Luis Paulo Vasconcelos que imprimiu a sua identidade nesse espetáculo.
Também não era de se esperar menos, com a experiência e talento já
característicos de Luis Paulo Vasconcelos, o que pudemos observar foi um elenco
consciente não apenas das músicas que estavam ali cantando, mas do conteúdo dos
textos que estavam dizendo ou expressando de maneira musical. O resultado de
uma boa direção de atores se expressa na empatia com o público e na recepção de
um espetáculo que ultrapassa apenas o caráter musical, chegando aos
espectadores como uma história engraçada que vai envolvendo o público à medida
em que vão conhecendo a história de uma mulher surpreendida pelo retorno de um
marido que, à princípio, estava morto. Já casada com outro homem, Rita se vê
sob o dilema do que fazer com os dois maridos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O grande
destaque da noite, ficou por conta da soprano Carla Domingues. Não paenas por
ser conhecida dos pelotenses, uma vez que iniciou os seus primeiros passos na
carreira do canto erudito nos palcos dessa cidade. Mas, também, por mostrar uma
grande evolução técnica que vem apresentando a cada ano. Porém, não posso
deixar de salientar o seu desempenho cênico. A cada espetáculo em que trabalha,
Carla se mostra mais confiante e presente em cena. Toda essa evolução se deve
ao trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos. Nesse sentido, o que
posso dizer é que todo o esforço tem valido à pena. Quem ganha com isso? Os
espectadores que se encantam com tamanho talento e aproveitam a sua ida ao
teatro para se emocionarem com as histórias que lhes são contadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Também não
posso deixar de elogiar o trabalho do tenor Flávio Leite e do barítono Homero
Velho que conferiram comicidade e ritmo às cenas, divertindo e provocando
risadas nos espectadores. Além disso, a iluminação de Fernando Ochôa colaborava
para a ambientação cênica, sem comprometer a proposta de encenação. No entanto,
não posso deixar de referir que os figurinos com uma forte influência remetendo
às pilchas gauchescas me incomodaram um pouco. Naturalmente, compreendo que
alguns espetáculos se valem da utilização de vocabulário com termos gauchescos
e personagens tipificados como estratégia para gerarem uma identificação fácil
e simplista com os espectadores. Entretanto, acredito que não precisamos
colocar os personagens de CTG nos palcos para que o público gaúcho se sinta
motivado a ir ao teatro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Essa foi uma
noite em que os espectadores viram não apenas os acordes eruditos invadirem o
palco, mas, também, a oportunidade de assistirem a uma peça de teatro musical
que lhes proporcionou boas risadas. Além disso, gostaria de ressaltar a
importância do SESC estar promovendo este tipo de atividade na cidade de
Pelotas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-90748235912317708032012-08-06T18:51:00.002-07:002012-08-06T18:51:17.787-07:00E A Ópera Consquista o Teatro<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A tradição de o público ir à
ópera com o intuito de assistir não apenas a uma apresentação musical, mas
também a um espetáculo teatral se popularizou há séculos. Entretanto, apesar de
alguns países europeus manterem essa tradição com a mesma frequência, os
espectadores brasileiros não têm tanto o costume de ir ao teatro para
assistirem a uma ópera. Será?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já
começo esse texto instigando o leitor a refletir sobre o assunto, pois
comentarei sobre a experiência que observei no dia 11 de novembro de 2011, no
Theatro Guarany, em Pelotas/RS, onde foi apresentada a ópera cômica “ La Serva
Padrona”, de Giovanni Pergolesi. A história versa sobre as artimanhas que uma
empregada faz para conquistar o coração de seu patrão e impedir que ele se case
com outra mulher. Com um desenrolar cheio de peripécias engraçadíssimas, a
serva consegue atingir o êxito em sua empreitada no final do espetáculo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
montagem feita pela Orquestra de Câmara da FUNDARTE, contava com um elenco
formado por Rosimari Oliveira, Ricardo Barpp, Juliano Rossi, regência de
Antônio Borges-Cunha, direção e concepção cênica da excelente atriz e diretora
de teatro Jezebel de Carli. Os que estiveram presentes, observaram um teatro
totalmente lotado por um público ansioso por prestigiar uma linguagem cênica com
tão poucas montagens nos dias de hoje. Não foram poucas as vezes que ouvi dos
espectadores a minha volta, comentários interrogativos sobre como seria uma
ópera e que tipo de histórias contava.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
proposta cênica em questão, quebra com o paradigma de que, para montar uma
ópera, há a necessidade de um grande elenco e uma orquestra enorme. Obviamente,
que o texto de Pergolesi favorece, pois é composto por poucos personagens.
Entretanto, assim como esse, existem muitas óperas que poderiam ser
tranquilamente levadas à cena.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Gostaria
de salientar a proposta de encenação que colocou os instrumentistas e regente
em cima do palco não apenas como músicos que executam a trilha sonora do
espetáculo, mas também com personagens que interagem e fazem parte do contexto
cênico. A caracterização, figurinos, maquiagem, iluminação e cenário estavam
totalmente integrados à proposta da diretora. Nesse sentido, gostaria de
ressaltar o trabalho de Jezebel de Carli que aqui dirige o elenco todo com
muito talento, extraindo desses profissionais os melhores resultados cênicos.
Além disso, Rosimari, Ricardo e Juliano contagiaram a plateia não apenas pelo
seu talento vocal, mas pelo seu carisma e verossimilhança que conferiram aos
seus personagens. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todo
esse trabalho, resultou numa ótima aceitação do público que se divertia às
gargalhadas com as peripécias de Serpina, interpretada por Rosimari. Apesar das
músicas serem cantadas em outro idioma, a utilização de legendas colaborou para
que os espectadores pudessem compreender o desenrolar da história.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nessa
noite, o que ficou claro é que não é que o público goste ou desgoste de ópera,
ele apenas não tem o hábito, desconhece essa linguagem cênica e, na maioria das
vezes, não tem acesso a esse tipo de espetáculo. Termino esse texto com a
felicidade de ver um teatro lotado e os espectadores saírem satisfeitos com o
que acabaram de assistir.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">MSc. Vagner Vargas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0.9pt 0.0001pt 0cm;">
<span style="color: red; font-family: "Microsoft Sans Serif","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;"><a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">www.ccetp.blogspot.com</a></span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-15087137861481389372012-08-06T11:39:00.001-07:002012-08-06T17:42:36.769-07:00No inverno, o Teatro vai à Rua<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
tarde estava fria, apesar de ensolarada. Mesmo com a temperatura não
colaborando, não houve empecilho para as pessoas que costumam passear pela Av.
Bento Gonçalves se aproximarem de uma movimentação que chamava atenção de todos
no meio da praça. Logo de início, cheguei a ouvir algumas pessoas perguntando o
que estava acontecendo e outras indo em direção ao burburinho e chamando as
crianças, pois havia teatro na rua.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por
mais que o teatro de rua seja uma manifestação de diálogo próximo e, muitas
vezes, inesperada às pessoas que por ali circulam, em virtude da falta de
incentivo do poder público, os pelotenses não estão muito acostumados a
presenciar este tipo de apresentação artística pela cidade. Entretanto, esse
estranhamento dura o tempo de alguns segundos que, rapidamente, são
conquistados pelo carisma dos artistas que estão ali levando a sua arte ao
contato mais democrático com o seu público.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os
fatos que estou relatando se referem à apresentação do espetáculo “João Cheroso
e João do Céu Vendendo Cordel”, apresentado pelo grupo Eureca, oriundos do
Amapá, com texto e direção de Joca Monteiro que também atua ao lado de Elder de
Paula para contar as histórias dos dois personagens. A peça conta as aventuras
de dois retirantes nordestinos que saem pela Amazônia em busca de melhores
condições de vida. Ao chegarem em Macapá (AP), descobrem que Luiz Gonzaga
também já havia estado por lá e composto músicas em exaltação à cidade. Por
esse motivo, resolvem declamar em forma de cordel a história do famoso “Rei do
Baião”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os
espectadores pelotenses já estariam felizes somente pela vinda de artistas de
uma região tão distante do país trazendo seu espetáculo à cidade. Porém, o
contato com uma estética tão diversa da comumente observada no Rio Grande do
Sul e o universo do cordel já podem ser considerados como ganhos para as
pessoas que ali estavam assistindo ao espetáculo. Entretanto, gostaria de
salientar um fato que me chamou muito a atenção. Não me centrarei tanto no
trabalho dos atores, mas sim, na maneira pela qual se deu a recepção do
público.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por
mais que o sotaque dos atores fosse diferente, que a maneira de contar
histórias não fosse a mesma dos gaúchos, o sorriso e o interesse da plateia
conseguiu desviar o meu foco. Percebi que o público se mostrava muito
interessado, participativo e, principalmente, identificado com aquele evento
que estava ali acontecendo no meio da praça. As pessoas esqueciam a diversidade
de acontecimentos que transcorriam na rua e mergulharam no universo teatral, de
uma maneira que costumamos observar nas casas de espetáculos fechadas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Logo
após o espetáculo vindo do Amapá, o público teve o prazer de assistir ao
trabalho do grupo Teatro Universitário Independente, intitulado “Ida ao Teatro”,
oriundo de Santa Maria (RS), com direção, figurino e atuação de Cristiano
Bittencourt e Marcele do Nascimento. O espetáculo é baseado na obra de Karl
Valentin, adaptado pelos atores para a linguagem clownesca no teatro de rua. O
mote da história do casal de palhaços é ir ao teatro. Entre muitas situações
que exploram um diálogo direto com os espectadores, saliento o forte carisma
dos atores em cena. O público se divertiu, participou e se mostrou aberto ao
contato com o teatro. O grande êxito desses artistas foi o de que a comunicação
se fez presente e os espectadores saíram dali satisfeitos com o que viram. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O
público queria teatro. As pessoas estavam felizes em assistir a uma peça de
teatro. Os adultos voltaram a ser crianças por pequenos momentos, se divertiam
e participavam da história, de mesmo modo que as crianças ali presentes. A
beleza desses momentos efêmeros ressalta a importância e a necessidade que a
população tem em dispor do acesso à cultura, em especial, ao teatro. Durante o
período de tempo em que o espetáculo foi apresentado ficou explicitado o quanto
a população pelotense quer e precisa do teatro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um
caso à parte e que costumeiramente acontece com o teatro de rua, se refere às
crianças e moradores de rua que sempre se aproximam destes espetáculos e
costumam ser os espectadores mais participativos e respeitosos da obra que ali
está sendo apresentada. Quando falei em relação democrática, também quis
ressaltar à possibilidade daqueles que costumam ser esquecidos pela sociedade
entrarem em contato com o teatro de maneira direta e em um local onde o acesso
lhes é permitido. Mas, não apenas a eles, neste município, a população em geral
está afastada do teatro como um todo. Com o fechamento do único teatro público
da cidade e da falta de investimentos nessa área, os espectadores pelotenses
passaram a ver a linguagem teatral como uma forma de expressão muito distante
de suas realidades. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No
entanto, graças ao esforço, trabalho, dedicação e comprometimento de alguns
artistas resistentes, a cidade de Pelotas está podendo ter acesso a diversos
eventos culturais, durante esse mês de agosto. Os créditos de todo esse empenho
vão para a equipe organizadora do I Festival de Inverno de Pelotas, Aline
Maciel, Angélica Freitas, Guilherme Ceron, Juliana Angeli, Junelise Martino,
Luiz Filipe Machado, Pedro Silveira, Priscila Costa Oliveira, Sotaque coletivo
e todos os artistas envolvidos no evento. Pelotas precisa de atitudes como as
desses idealizadores. Porém, não podemos ficar relegando aos artistas o acesso
e as políticas culturais do município de maneira independente. É preciso que os
canais de TV aberta locais, os jornais impressos, as rádios, as Tvs fechadas e
a internet de modo geral divulguem massivamente esses eventos, da mesma forma
que o fazem quando os elencos das telenovelas pisam no solo desse município.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Além
disso, também se faz necessário que os empresários dessa cidade compreendam o
valor não apenas para o enriquecimento cultural da população pelotense, mas se
apenas pensarem numa lógica capitalista de aumento de lucro, que o façam
percebendo que eventos como este podem reverter em cifras para os seus caixas.
O empresariado local deve compreender que exemplos não faltam do retorno
financeiro que o turismo agregado a eventos de Festivais como esse estão tendo
pelo país à fora. Nesse sentido, os empresários pelotenses deveriam ter a visão
de que o investimento e a ajuda que oferecessem a acontecimentos locais, seriam
revertidos diretamente nos aumentos de lucros que viriam com a circulação da
população local e com os turistas. O entretenimento e a cultura são fontes de
renda para muitas cidades pelo mundo. Entretanto, nada cai do céu e os
investimentos são necessários. Qualidade artística temos de sobra. O que falta
agora é apoio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Até
este momento citei a mídia e os empresários. Todavia, não podemos relegar todas
as responsabilidades para alguns setores da sociedade, quando o poder público
tem um papel importantíssimo numa situação como esta. Entretanto, para que a
cidade lucre e que a população tenha mais acesso à arte e à cultura, há a
necessidade de todo um esforço político para viabilizar que esse tipo de evento
possa ocorrer em Pelotas, sem que seja necessário trazer algum ator de novela
ou músico do grande eixo de mídia carioca ou paulista para atrair o apoio
político. Deixo aqui esse tipo de reflexão, especialmente, nesse ano em que
estaremos podendo exercer o nosso poder como cidadãos e levando as nossas
necessidades às urnas na forma de votos para eleger o cenário político futuro de
nossa cidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Portanto,
para finalizar esse texto, gostaria de explicitar que neste domingo 05 de
agosto de 2012, quando o teatro invadiu à Bento, com duas peças de teatro, quem
lucrou foi a população pelotense com a possibilidade de apreciar o trabalho
desses profissionais que vieram de muito longe para trazerem a sua arte até
esta cidade. Além disso, ressalto a importância do trabalho executado pela
atriz Aline Maciel e sua equipe na organização do I Festival de Inverno de
Pelotas, a todos eles faço minhas reverências e agradecimentos por essa
iniciativa. Oxalá que este seja o primeiro passo de muitos outros que ainda venham
a acontecer! Porém, para os próximos, espero que o poder público, empresariado
e mídia local não limitem os seus esforços e investimentos para que a população
pelotense tenha cada vez mais acesso às artes em geral.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">MSc.Vagner Vargas<br />
DRT – Ator – 6606 -Integrante do CCETP.<br />
vagnervarg@yahoo.com.br </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-3003269581424789062012-04-11T12:59:00.000-07:002012-04-11T12:59:21.042-07:00Altruísmo no Teatro<div style="text-align: justify;"> No último final de semana, dias 07 e 08 de abril de 2012, Pelotas recebeu o espetáculo “Os Altruístas”, de Nicky Silver, com direção e adaptação de Guilherme Weber, tendo no elenco Mariana Ximenes, Kiko Mascarenhas, Jonatahan Haagensen, Miguel Thiré e Stella Rabello. Nos dois dias em que a peça foi apresentada, observamos o Teatro Guarany cheio, mas não lotado. Não existiria público suficiente para lotar a casa de espetáculos, ou os altos preços dos ingressos acabam inviabilizando que a maioria da população tenha acesso a esses eventos culturais em nossa cidade? Seria esse o preço de ter nomes televisivos no elenco ou os custos com o aluguel de um teatro privado de grande porte, todo o aparato técnico necessário na apresentação e os custos locais para a vinda de artistas de fora da cidade que acabam encarecendo os ingressos?</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> O título da peça oferece um caráter crítico por si só, já que a palavra altruísmo pode ser associada a um significado de solidariedade. Assim, os fatos transcorridos durante a história questionam até que ponto uma atitude pode ser benevolente, dependendo da perspectiva de análise que se tome. A montagem apresenta uma estética não realista em todos os seus aspectos de concepção, o que, particularmente, considero como um ponto favorável à construção de repertórios estéticos diferenciados dos tradicionais televisivos que predominam na população brasileira.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Logo de início, somos confrontados com um visagismo muito coerente com proposta de concepção do espetáculo. A cenografia de Daniela Thomas propõem elementos funcionais capazes de criar a atmosfera sombria em que os personagens estão submersos. Além disso, o figurino de Emília Duncan e Antonio Frajado criaram uma identidade visual para os personagens o que, de início, gerou surpresa e desconforto nos espectadores, já que confronta as identidades de gênero normatizadas pela sociedade brasileira. Quando os atores, com seus corpos musculosos, entram em cena seminus, vestindo peças de lingerie feminina, se portando de maneira andrógena, causaram reações de espanto e muitos comentários na plateia. Os espectadores ali presentes talvez tenham ido ao teatro na esperança de verem de perto os galãs e mocinhas das telenovelas. Entretanto, esses estereótipos midiáticos são quebrados logo de cara.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> A iluminação de Domingos Quintiliano constroi uma dramaturgia competente no que se refere à criação de atmosferas taciturnas, depressivas e oligofrênicas que perpassam as histórias que envolvem os personagens. Além disso, a paleta de cores, a afinação das luzes e os efeitos estavam muito precisos, não deixando a desejar em nenhum momento. Saliento, ainda, a dificuldade de se fazer uma iluminação cênica, quando se utilizam espelhos no palco. Em nenhum momento, houve reflexo ou interferência de reflexo que não estivesse de acordo com a concepção de encenação. Aliás, os espelhos suspensos no ar propiciavam uma perspectiva de análise diferenciada para os espectadores. Mais uma vez, enfatizo as congratulações ao visagismo de Marcos Padilha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Outro aspecto que gostaria de ressaltar se refere à trilha sonora contendo músicas de Bertold Brecht e Kurt Weil, dentre outros. As músicas e efeitos sonoros eram inseridos em momentos muito pertinentes, estando de acordo com as situações propostas. Refiro isso, pois não são poucas as vezes em que vemos peças de teatro com músicas e efeitos sonoros em desacordo com a proposta estética do espetáculo. Assim como a trilha sonora, a direção ficou a cargo do experiente ator Guilherme Weber, integrante e co-fundador da Sutil Companhia de Teatro, juntamente com Felipe Hirsh.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> A concepção de encenação conseguiu criar uma identidade visual ao espetáculo não apenas no que concerne os aspectos técnico-estruturais, mas também em relação ao ritmo das cenas, às atuações, elocução dos textos, trabalho físico dos atores e recortes dramatúrgico-textuais. Em vários momentos, haviam duas ou três cenas ocorrendo simultaneamente, sem “sujar” ou causar “ruídos” na circunstância que recebia destaque. Essa situação, quando não realizada com competência, acaba prejudicando a qualidade do desempenho cênico. Por esse motivo, dificilmente, os diretores costumam utilizar esse recurso. Em “Os Altruístas”, isso não foi um problema, muito pelo contrário, foi uma ótima solução para desconstruir o sentido realista que uma narrativa linear teria, o que viria de encontro à proposta do diretor.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Guilherme Weber conseguiu mostrar que é um diretor competente não penas na condução de todo o resultado cênico da peça, mas também no que se refere às atuações. A “mão do diretor” ficou evidente na qualidade das interpretações e na proposta de construção das personagens. Entretanto, o elenco estava aquém dos resultados estéticos que as personagens teriam, caso fossem feitas por atores com uma bagagem de trabalho físico e vocal mais consolidada. Muitas vezes, aulas de canto, dança, ginástica e musculação não são suficientes para incrementar o repertório corporal dos atores, no intuito de fornecer-lhes a disponibilidade cênica que determinados personagens exigem. O que víamos, eram atores se esforçando para desenvolverem a corporeidade de suas personagens. Todavia, o efeito cênico não passava da “forma pela forma”, ou seja, movimentos marcados, ensaiados que não encontravam uma identificação corporal em consonância com a proposta estética para a concepção das personagens.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Além disso, apesar da proposta de desconstrução estilística da oralidade das falas – o que considero um ponto positivo do espetáculo, pois propicia outra relação do espectador com o texto que está ouvindo -, os atores não conseguiam sustentar a força cênica que esse tipo de proposta exige. Não foram poucas às vezes em que o texto e/ou a proposta não realista das falas perderam o seu sentido e força, devido ao excesso de uso. Considero esse tipo de experimentação extremamente válida, em especial, por ressaltar aspectos da teatralidade que costumam ser esquecidos em alguns espetáculos que apenas tentam deslocar outras linguagens artísticas para os palcos. No entanto, para que se atinja esse tipo de objetivo com competência cênica, precisamos de atores com um sólido repertório e preparação prévia para o trabalho em teatro que fuja das tradicionais montagens do teatro comercial oriundo dos grandes centros de mídia no Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Entretanto, não posso generalizar e cometer o erro de não destacar o trabalho do ator Kiko Mascarenhas que, além de dar o ritmo ao espetáculo, conduziu o time e desviou a fragilidade das atuações de seus colegas. Mesmo assim, caberia ainda ao diretor dosar melhor os momentos em que a personagem de Kiko cai nos estereótipos, pois o excesso de repetições e falsetes acabam por reduzir o potencial crítico da criação dessa personagem. Mas, acredito que esse ator conseguiria dosar a personagem na medida certa, pois demonstra possuir capacidade para tanto. Porém, em alguns casos, cabe ao diretor o olhar de fora para indicar esse tipo de caminho ao ator.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Ao chegar no teatro e ver algumas mulheres em seus longos vestidos e alguns homens em ternos bem cortados, fiquei imaginando qual seria a motivação que os teria levado até àquela casa de espetáculos para assistir a uma peça de teatro que, justamente, apresenta um olhar crítico ao altruísmo. Assim que a atriz Mariana Ximenes entra em cena e começa mostrar sua personagem, a imagem da mocinha pura, santa e casta das telenovelas brasileiras se esvaía. Mas, a maior parte das reações de desconforto na plateia se referiam à androgenia dos personagens masculinos. Apesar de expô-los conforme as imagens de objeto de desejo veiculadas pela mídia, o comportamento deles em cena contrariava totalmente às normatizações de identificação do gênero masculino na sociedade brasileira. Os muitos momentos em que os personagens falavam palavrões ou apresentavam situações comportamentais transgressoras, expondo condutas sexualizadas, falando de assuntos que confrontavam a hipocrisia social, causavam muitos comentários de repúdio em algumas pessoas “conservadoras” ali presentes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> A meu ver, o ápice dessas reações ocorreu, quando os personagens de dois atores se beijaram em cena. Apesar de estarmos no teatro, de acreditarmos que as pessoas naquela plateia soubessem que o que ocorre no palco é ficção, ao verem dois homens se beijando EM CENA, muitas pessoas protestaram e não se sentiram acanhadas de mostrar o seu descontentamento em presenciarem aquela situação. O que me choca não é o beijo entre dois atores em cena, mas sim, a reação do público pelotense ao reagir dessa forma em pleno 2012! Lembro que, naquele momento, após já estar observando o desassossego do público com todas as quebras de imagens idealizadas de celebridades que o próprio espetáculo desconstroi, da linguagem textual ácida, fiquei ponderando se Pelotas não se chocaria com uma montagem de “A Dama das Camélias” ainda nos dias de hoje. O caso do imaginário pelotense ter se arraigado nos ideias do século XIX merece ser estudado, uma vez que ainda observamos que uma fatia da sociedade desse município se reveste no lustre de um tempo que todas as discussões contemporâneas já superaram.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Em face disso, fico com receio do que pode acontecer com essas pessoas que ainda mantém seus referenciais estéticos nos idos de 1800 ou até mesmo em séculos anteriores, uma vez que essa cidade, poderá vir a receber muitos espetáculos com propostas contemporâneas, com textos longe dos puritanismos e floreios românticos dos grandes salões de recitais. Obviamente, não posso terminar esse texto sem continuar lamentando o fato de não dispormos de nenhum teatro público em funcionamento nessa cidade. Além disso, cada vez que passo pela Av. Bento Gonçalves e vejo o Theatro Avenida ruindo e, quando circulo pelo centro histórico do centro da cidade, vejo o Theatro Sete de Abril com risco de desabar, só desejo que venhamos a ter políticas culturais nessa cidade que propiciem o acesso à cultura para todos os cidadãos pelotenses.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">MSc. Vagner Vargas</div><div style="text-align: justify;">DRT – Ator – 6606 – Crítico teatral </div><div style="text-align: justify;"><a href="mailto:vagnervarg@yahoo.com.br">vagnervarg@yahoo.com.br</a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9044293801203630112.post-42806910547003426202011-09-29T20:58:00.000-07:002011-09-29T20:58:57.951-07:00Procuram-se Espectadores para Teatro<div style="text-align: justify;"> O Centro de Treinamento do Grupo Tholl, além das funções pertinentes a sua trupe, passou a agregar o fluxo de produção teatral que chega até Pelotas. Como o Theatro Sete de Abril está fechado, o Theatro Avenida ruindo, o Teatro do COP funcionando como espaço de aprendizado para os alunos das faculdades de teatro e dança da UFPEL e o Teatro Guarany recebendo grandes produções, o espaço do Grupo Tholl se tornou a opção para receber espetáculos teatrais que não tenham nomes televisivos figurando em seus elencos.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Obviamente, já passaram por esse espaço artistas que trabalham em cinema e TV. Entretanto, a “casa de espetáculos” localizada nas imediações da zona do porto passou a receber peças de teatro produzidas no interior do Rio Grande do Sul e produções que não dispõem de patrocinadores que viabilizem suas apresentações em teatros maiores e mais centralizados. Apesar disso, na noite de 27 de setembro de 2011, apenas 15 pessoas foram até o Centro de Treinamento do Grupo Tholl para assistirem ao espetáculo “Sucesso a Qualquer Preço”, do Grupo Ação de Experimentação Cênica, oriundo da cidade de Santa Maria/RS.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Com direção de Antônio Orellana, concepção de luz de Gabriela Amado, operação de luz de Maurílio Bertazzo, operação de som de Mariana Lohmann, figurinos de Adriana Dal Forno e produção de Lia Procati, a peça inspirada na obra de David Mamet, traz como seu mote a concorrência no mercado de trabalho. Ao chegarmos à plateia, nos deparamos com um cenário não realista, mas, apesar disso, percebia-se que o diretor queria partir desse fato para caracterizar aquele ambiente da maneira mais realista possível. A iluminação e a forma como alguns elementos de cena foram utilizados me lembraram o espetáculo “Aqueles Dois”, da Cia Luna Luneira que esteve em Pelotas ano passado. Porém, o grupo de Santa Maria não soube utilizar a iluminação e o cenário com a mesma maestria do grupo mineiro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> A concepção de encenação está limpa, tendendo ao realismo e buscando dar ritmo à cena, conforme a energia de entradas e/ou saídas dos personagens. Além disso, o recurso de distanciamento utilizado foi bem pertinente ao promover uma aproximação dos atores com os espectadores no início do espetáculo, já preparando-os para as situações que viriam a ocorrer ao longo da história.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> O elenco formado por Antônio Orellana, Djefri Ramon, Gabriel Araújo, Gelton Quadros, Marcos Caye e Tatiana Vinadé é bastante jovem e com muita vontade de estar em cena. Devido ao fato desse espetáculo ser fruto de uma disciplina de graduação, na modalidade de bacharelado em Artes Cênicas, da Universidade Federal de Santa Maria, ainda percebemos que alguns aspectos não maduros na montagem se devem à pouca experiência do grupo, ou, possivelmente, às questões que estavam sendo trabalhadas na disciplina onde essa peça foi criada. Todavia, já é possível observar nesse grupo a busca por uma identidade estética para o seu trabalho, em especial, no que se refere à concepção de encenação e à direção do espetáculo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Quanto às atuações, acredito que ainda falte um pouco de tranqüilidade e maturidade para que os atores consigam desfrutar dos minutos de prazer que o artista tem quando está em cena. Mesmo assim, se observa que há a busca por um trabalho e pela formação desses atores. Acredito que a experiência de jovens atores se proporem a montar textos, sem a preocupação com o mercado de espetáculos comerciais, seja sempre válida. Entretanto, no caso desse espetáculo, há um quociente comercial muito grande, uma vez que, ao tratar de relações e disputas entre vendedores, essas situações podem ser extrapoladas para quaisquer outras profissões, o que facilitaria muito a venda desse espetáculo para diversas empresas, com o intuito de discutir as relações trabalhistas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Além disso, a adaptação poderia ter focado na crise hipotecária que recentemente afetou os Estados Unidos, com o intuito de transpor os fatos para uma situação contemporânea recente, já que a história se passa nesse país. Não obstante, essa é apenas uma opinião particular, já que a opção por não datar a montagem em nada afeta o seu impacto e a sua validade. O espetáculo funciona comercialmente. Contudo, acredito que ainda precise passar por um tempo de maturação para emergir com a força cênica pertinente às temáticas relacionadas às relações humanas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Por outro lado, apesar de Pelotas ter mais de 300 mil habitantes, cursos de graduação e pós-graduação nas áreas ligadas às artes, haviam apenas 15 pessoas na plateia desse espetáculo! Na mesma semana em que ocorrem os festejos pela inauguração da cortina do Teatro Guarany, com casa lotada, uma peça de teatro tem sua plateia quase vazia. Pelotas tem a fama e tradição de ser uma cidade com apreço cultural. Porém, será que essa realidade não ficou apenas no século XIX? Ou o público pelotense só frequenta os teatros localizados no centro da cidade? Além disso, será que os pelotenses só vão ao teatro para verem os artistas da novela, sem nem ao menos significarem o conteúdo do espetáculo que será apresentado?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Esses questionamentos me parecem pertinentes não somente entre artistas, mas à mídia, aos educadores e à população pelotense em geral. Nesse sentido, termino esse texto lamentando os poucos espectadores que haviam na plateia dessa peça de teatro e esperando que as políticas culturais voltadas ao teatro estejam entre as prioridades de todos os governos que passem por essa cidade.</div><br />
MSc. Vagner Vargas<br />
DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.<br />
vagnervarg@yahoo.com.br <a href="http://www.ccetp.blogspot.com/">http://www.ccetp.blogspot.com/</a>Joice Limahttp://www.blogger.com/profile/03585083559163030256noreply@blogger.com1