De setembro deste ano para cá tenho comparecido em salas de teatro em diversas ocasiões e lugares. Tenho visto salas quase vazias, talvez por causa de filmes e novelas que podem ser vistos sem que seja preciso sair de casa.
No teatro não apenas se destoa da mesmice televisiva, mas também são tratados assuntos que a mídia tenta evitar. Também há de se citar que, por termos diversos grupos teatrais na cidade e até mesmo um curso de teatro na UFPel, certamente há trabalhos de qualidade sendo feitos por aqui.
Neste ano tivemos um encontro de teatro promovido pelo Teatro Sete de Abril e delineia-se um festival para o ano vindouro. Chama a atenção a agitação do teatro local. Ainda assim, as cadeiras da plateia permanecem quase vazias.
Assisti há poucas semanas, no dia 25 de novembro, no foyer do Sete de Abril, por meio do projeto 'Cena Literária', a peça 'O Marinheiro', trazida pelo Teatro Escola de Pelotas. Assistindo ao espetáculo fui colocado no interior de um sonho. Não. Não dormi durante o espetáculo. Pelo contrário, o texto me prendeu do início ao fim.
Uma cadeira e um véu compunham o cenário. Cada uma das personagens carregava consigo apenas uma vela e um livro. A beleza da simplicidade se fez evidente na montagem do trabalho. Causou-me estranheza que as atrizes lessem o texto de suas falas durante a execução da peça, ainda que camuflado nos livros constantemente manuseados. A trilha sonora induzia à introspecção, ressaltando ainda mais a ideia central do texto de Fernando Pessoa. O público que cabe no foyer do teatro é pequeno e deve-se destacar que na ocasião era composto na sua maioria por pessoas ligadas ao teatro (alunos do curso da UFPel representavam mais de metade da plateia).
Depois dessa encenação assisti outras mais. Em um festival de esquetes realizado em São Leopoldo também me deparei com grande parte das cadeiras vazias.
Em um cenário tão prolífero como esse, falta algo essencial: quem assista. Cultura não é cultivada em uma ou duas semanas de eventos artísticos. Tivemos há pouco na cidade reuniões e mostras relacionadas à cultura. Isso pouco vale se for um evento isolado, mas sim se torna-se hábito.
Por Paulo Alfrino Borba
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
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Detenho-me rapidamente a fazer algumas considerações sobre a questão das cadeiras vazias a partir do comentário "A Volta do Palhaço" logo acima. Fica como consolo para quem ainda não viu a peça "O Marinheiro" acompanhar as fotos de espetáculos do TEP que estão na internet
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