sábado, 27 de fevereiro de 2010

Duas peças em Sampa

Estive na capital paulista no início de fevereiro, por quatro diazinhos, e assisti a duas peças teatrais. Embora a proposta deste Clube é que se comente os espetáculos que passam por Pelotas, achei que valia a dica. Aqui vai:

*"Empoeirados", no Sesc da Paulista (assisti dia 9 de fevereiro)
Texto: Gero Camilo. Direção: Cristiano Karnas. Com Ed Moraes e Armando Amare.
A história de dois jovens atores que viajam pelo Brasil em busca de trabalho e, enquanto isso, divagam sobre a peça que gostariam de montar.
A ideia em si era boa, mas, na minha opinião, não funcionou.
Pareceu-me apenas uma oportunidade para dois jovenzinhos se exibirem, mostrarem seu domínio de corpo e voz, com frustradas tentativas de humor fácil. Não tinha texto - quer dizer, tinha, mas não “pegava o espectador”, além de ser confuso. Não me emocionou nem por um segundo (e olha que me emociono fácil).

*Anatomia frozen, no Espaço Parlapatões (assisti dia 9 de fevereiro)
Uma psiquiatra estuda um assassino em série, de menininhas. Logo a mãe de uma das vítimas encontra o psicopata para uma última conversa.
Compensou a frustração da primeira peça assistida. Uau. Muito boa mesmo. Texto fortíssimo, da inglesa Bryony Lavery, com direção de Márcio Aurélio. Desempenho irretocável dos dois atores, Joca Andreazza e Paulo Marcello, que interpretaram três personagens. Não tinha cenário, e nem precisava. O figurino era enjambrado, mas funcionava muito bem. O ator que fazia a psiquiatra fazia a transformação em cena, simplesmente tirava acessórios da psiquiatra (luvas, botas, máscara, touca), colocava um risco de batom na boca e lá estava a mãe da menininha assassinada pelo psicopata. A iluminação e a música, de suspense, completavam os detalhes. Um excelente trabalho (ainda que, na minha opinião, as explicações de abuso sexual que o psicopata sofreu na infância sobravam, acho que não precisava, é uma maneira de tentar justificar o comportamento dele que, na minha opinião, não é justificável). Valeu cada centavo dos R$ 30,00 do ingresso.

Este trabalho era apontado como um dos mais cotados no Guia Folha. Os mesmos atores estavam com outra peça ("Agreste"), também muito elogiada, mas não pude assistir porque só estava em cartaz no fim de semana e eu já não estaria lá. Uma pena.

Joice Lima – Integrante do CCETP, atriz e jornalista (com diploma!)

Um comentário:

  1. Estes dois atores são muito bons mesmo. Assisti Agreste duas vezes. No caso de Agreste, pela primeira vez na minha vida, eu havia assistido um espetáculo em que o texto engolia os atores e a direção. O texto conseguia ser mais forte que a concepção de encenação e até mesmo que os atores. Alguns pontos da direção de Agreste eram muito frios e monótonos. No entanto, o talento dos atores conseguia fazer com que o espetáculo envolvesse o público. Porém, o texto acabava se sobressaindo ao todo da montagem. Mas, não dá pra negar o talento deste grupo. O que era bonito de ver, eram as filas enormes, saindo pela rua à fora para o público conseguir um ingresso ´para Agreste. E tem gente que diz que não existe mais público para teatro...
    Anatomia Frozen também é muito bom, neste caso, os atores conseguem se sobressair á direção. O trunfo deste grupo são os atores que atuam sinergicamente com muita sintonia. Nenhum se sobressai, nem pretende aparecer mais que o outro. Ambos jogam em cena na mesma freqüência, levando ao público um espetáculo de ótima qualidade.
    Quanto ao preço, esse valor é meio padrão ali na Roosevel e em SP, ao todo mesmo. Mas, dá pra ter desconto com a carteirinha do SATED e com carteirinha de estudante, pagando meia entrada. Outra coisa importante de salientar, é a excelente idéia do bar do teatro dos Parlapatões que reúne todos os artistas da cidade após suas apresentações por toda a cidade.
    Valeu pelo texto Joice!

    ResponderExcluir