Em
um final de tarde escaldante do dia 16 de dezembro de 2012, a Tribo de
Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz apresentou o espetáculo O Amargo Santo da
Purificação no largo do Mercado Público, ao lado da Prefeitura de Pelotas. Essa
não foi a primeira vez que o espetáculo esteve na cidade, nem tão pouco a
primeira vez que eu o assisti. No entanto, essa foi a oportunidade em que pude
ficar mais próximo dos atores, já que anteriormente havia assistido a peça de
longe, no centro da cidade de São Paulo.
O
espetáculo é uma criação coletiva do grupo porto alegrense e tem no elenco os
atuadores Paulo Flores, Tânia Farias, Pedro Kinast De Camillis, Clélio Cardoso,
Marta Haas, Edgar Alves, Roberto Corbo, Sandra Steil, Paula Carvalho, Eugênio
Barbosa, Lucio Hallal, Paula Lages, Déia Alencar, Alex Pantera, Karina Sieben,
Jorje Gil, Aline Ferraz, Eduardo Cardoso, Raquel Zepka, Caroline Vetori,
Anelise Vargas, Letícia Virtuoso, Renan Leandro, Alessandro Müller e Jeferson
Cabral. Elogiar o exímio cuidado em todos os detalhes que compreendem as
encenações do Ói Nóis Aqui Traveiz é uma redundância. Mas, não devemos deixar
que tecer tais comentários, uma vez que este não é apenas um dos melhores
grupos de teatro do nosso país. O Ói Nóis é um dos mais importantes grupos de
teatro do mundo, reconhecido internacionalmente pela qualidade artística dos
seus trabalhos, assim como do seu forte engajamento político.
O
Ói Nóis desenvolve uma série de atividades culturais da cidade de Porto Alegre,
levando a sua proposta pedagógica que alia a formação crítica e política dos indivíduos
com o que há de melhor na instrumentalização artística no nosso país. Não
bastasse isso, como esse grupo é formado, antes de tudo, por artistas, o seu
foco está sempre na arte. Nesse caso, no teatro. Não apenas no aprofundamento
teórico, mas na sua experimentação e criação prática com montagens teatrais de
extrema qualidade.
Em
O Amargo Santo da Purificação, com
dramaturgia construída coletivamente pela tribo a partir dos poemas de Carlos
Marighella, a tribo conta a história de um herói popular que os setores
dominantes do nosso país tentaram banir durante o período de ditadura. A
temática pode parecer forte de mais para um espetáculo de rua. Mas, é
justamente a seriedade e a ética com o que o grupo trata desta temática que faz
com que a peça prenda a atenção dos espectadores em plena rua.
Uma
obra de arte no nível dos maiores artistas de todos os tempos, assim podemos
definir esse espetáculo. Pode parecer exagero para alguns. Entretanto, creio
que aqueles que tiveram o prazer de assisti-los comungam da mesma opinião.
A
identidade visual que o grupo traz aos figurinos, maquiagem, elementos de cena,
bonecos, assim como nas enormes estruturas que surgem na nossa frente, são
fantásticos. Há uma unidade estética naquilo que é construído, apesar de
observarmos uma infinidade de referenciais que levaram o grupo a escolha dos
mínimos detalhes. Essa sofisticação criativa eleva o trabalho do grupo a um
nível de excelência, mas acima de tudo, reflete o quanto eles respeitam e
valorizam os seus espectadores.
O
trabalho físico dos atores
Vagner
Vargas
Ator
– DRT:6606
Crítico
de teatro
Texto
completo publicado em: http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/oi-nois-aqui-traveiz-e-o-seu-amargo.html
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